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ARTIGO
Empoderamento feminino na
S empre envolvida e movida por Sei que existem muitas outras mulheres de ver Mangalarga todo dia e fiquei amiga da
destaque, mas como não é possível trazer-
família Marques. Em uma das ‘Sutianza-
uma grande paixão por cavalos,
das’, no meio do caminho, meu QM man-
mos todas aqui, sintam-se representadas!
me dedico a este mundo desde
a minha infância. Cresci envol-
vida com meu pai Pedro Marques, cas- cou e peguei emprestada uma égua
Mangalarga para continuar o passeio. Que
queando, ferrando, domando animais égua macia! Fiquei pensando como posso
nas fazendas da região. Encarei cada de- ter sofrido todas essas cavalgadas no meu
safio, com muita vontade de realizar QM duro. No final de dois dias de caval-
meus sonhos... ser veterinária e juíza de gada acabei comprando a égua, uma filha
Concursos de Marcha. de Galã EM em Cascata JO. Esta foi minha
A veterinária infelizmente não foi primeira Mangalarga. Depois de algum
possível, porém, após me casar com Sil- tempo precisava de mais um cavalo e com-
vio Parizi, um pequeno criador, consegui prei um sem registro (filho do Hebreu EM).
realizar o sonho de julgar nas Copas de Pedi para um amigo treiná-lo para um pró-
Marcha, como Criadora. Juliana ximo passeio, ele achou o cavalo muito
Sempre com amor, dedicação e o bom e me pediu se podia levar em um poei-
principal: respeito pelo cavalo! “Não sou de família com tradição ou rão. Meu cavalo, no meio de 37 animais,
Este sim, independente de raça, considerada do meio rural. Meus pais sem- ficou em 5º lugar. Pronto! Vamos começar
valor, e o indivíduo é o que é e merece pre foram ‘gente da cidade’, comerciantes a criar Mangalarga. Vendi os animais sem
todo respeito. em São João da Boa Vista/SP, e nunca ti- registro e começamos nossa pequena cria-
Trabalhando com eles, surgiu a opor- veram contato com cavalos, Sincera- ção. Hoje estamos em um sítio aqui em São
tunidade de treinar e iniciar nas pistas mente, acho que este amor que tenho por João, temos seis éguas e três potros. Já
com um cavalo nosso, o Real J Vila He- cavalos nasceu comigo. Sempre ficava vendi alguns animais com meu sufixo JuC.
lena, e, com incentivo total do Sílvio, co- contando os dias para a chegada da Sou sócia da ABCCRM e vice presidente do
mecei a competir. EAPIC, só para ver os cavalos. Adorava Núcleo Mangalarga Serra da Mantiqueira.
A partir daí, surgiu a ideia de um Cen- andar pelos pavilhões e acompanhar as Sempre que posso participo de exposições,
tro de Treinamento, onde, com a graça provas e gincanas durante a exposição. copas, poeirões, leilões e cavalgadas. Não
de Deus, começou o interesse de outras Aos 14 anos me matriculei em uma escola vejo mais minha vida sem o Mangalarga,
pessoas em levar os animais para pista. de equitação, afinal, precisava aprender uma raça que me dá muitas alegrias e me
Muitos Criadores e usuários, por falta direito tudo sobre eles, desde selar, mon- fez conquistar novos amigos. Viva o Man-
de mão de obra especializada, nos pro- tar, limpar baias, etc. Tinha aulas duas galarga!”, conta Juliana Cobrinha.
curam pra domar, treinar e apresentar vezes por semana, mas ia todo dia lá. Co-
seus animais. mecei a ir em cavalgadas com cavalos em-
No Mangalarga, sou a primeira e prestados e queria um pra mim. Meu pai “Minha relação hoje com o cavalo Man-
única mulher que faz esse trabalho. Atra- dizia que era ‘fogo de palha’, mas não de- galarga,é em função do meu marido que
vés disto, tive grandes conquistas nas morou muito e ele me deu o Napoleão, um trabalha com a raça há muitos anos, e tam-
pistas, entre elas, o Grande Campeonato legítimo pangaré, com o qual consegui até bém pelos meus filhos Guilherme e Isabella
Cavalo de pelagem; me tornei Jurada de ganhar uma provinha de enduro que meu que amam cavalos. Um dos pontos fortes
Marcha de Muares também, julgando professor de equitação organizava. Da do meio equestre, certamente é as grandes
em vários estados do país, como Pará, equitação, fiz poucas aulas de hipismo amizades que fiz ao longo dos anos e, claro,
Goiás, Paraná, Minas Gerais e São Paulo. rural e dali fui para o Quarto de Milha, as alegrias vividas junto da minha família
Também realizo workshops sobre onde competia 3 tambores e ao mesmo torcendo e vibrando nas exposições. Eu
Equitação e Marcha. Portanto afirmo que tempo organizava a ‘Sutianzada’ (caval- diria às mulheres que incentivem seus filhos
nós, mulheres, somos capazes sim! Des- gada feminina), na qual sempre participei a primeiro gostar e respeitar qualquer ani-
tas e outras conquistas, sem dúvidas.... com meu QM. Mudei com meus animais mal, e segundo, se gostarem de cavalos, os
Enfim, toda esta minha história resu- para uma fazenda ao lado do CT Manamá. incentivem ainda mais, pois o cavalo além
mida, foi Deus que me deu! E aqui procurei Lá eu dava aulas de equitação e sempre via de ser um animal maravilhoso, une as pes-
pegar com amigas mangalarguistas de a molecada do CT passar com os Manga- soas. E ainda reforça o envolvimento, pois
destaque, suas histórias com a raça e o em- largas nos carreadores de cana para trei- meus dois filhos são apaixonados. O Gui-
poderamento que cada uma conquistou. nar condicionamento, foi aí que comecei a lherme já está competindo nas provas so-
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