Sim, é de extrema importância que os equinos recebam sal mineral diariamente.
Uma das dúvidas mais frequentes de quem trabalha com equinos é sobre o fornecimento do sal mineral e de que maneira oferecer. Muitas vezes observo na minha rotina a falta e a administração errada do sal mineral. É preciso administrá-lo no cocho com ração (ingestão forçada) ou deixar em cocho separado com livre acesso? É preciso dar sal branco em cocho separado? Apenas o sal branco não resolve? Por que apenas atualmente os cavalos necessitam de sal mineral, se antes não tinham acesso a ele em seu processo evolutivo quando soltos na natureza?
Os nutrientes minerais são essenciais para a utilização da energia e da proteína, e para a biossíntese dos nutrientes essenciais responsáveis pelo funcionamento do organismo. Para realização de todas as funções do organismo, é necessário algum tipo de mineral. Eles participam desde a constituição do arcabouço (esqueleto) e até de funções mais complexas, como constituintes das enzimas e na disponibilidade de energia para os músculos, entre muitas outras. A demanda por esses minerais, assim como pelos demais nutrientes, é atendida pela alimentação, e quanto mais diversificada, melhor.
Em seu processo evolutivo, em liberdade plena e com grande diversidade de alimentos, além da exigência quase exclusiva apenas para sobrevivência, os animais supriam suas necessidades com o que encontravam na natureza, atendendo de maneira eficiente à demanda de seu organismo. Com a domesticação, o acesso a essa diversidade de alimentos foi sendo restringido. Com o tempo, passou-se a exigir mais dos animais do que quando viviam em liberdade, na natureza, até se chegar à seleção genética, almejando cavalos com melhor musculatura e maior estatura, melhor desempenho, capazes de saltar com muito mais frequência e alturas mais elevadas, além de praticar atividades esportivas; éguas em reprodução com crias anuais; e potros com maior e melhor desenvolvimento e crescimento, por exemplo.
Desse modo, apenas com o volumoso pouco diversificado, em geral de apenas um tipo, o animal não consegue todos os elementos minerais necessários para cumprir essas determinações imposta pelo homem, sendo então fundamental o fornecimento de SAL MINERAL ESPECÍFICO PARA EQUINOS, de empresa idônea que preza pela qualidade da matéria prima do produto ao qual o animal deverá ter livre acesso, consumindo o que lhe for necessário DIARIAMENTE.
Uma observação importante é que nem todos os elementos minerais necessários para a demanda do organismo podem constar no sal mineral. Por isso existe a necessidade de uma boa fonte de volumoso de qualidade onde fornece proteínas de qualidades, um complemento com rações comercias de empresas idonêa para que ocorra uma dieta balanceada e de qualidade. Outro dado importante é que a administração de sal mineral é espécie – específica, isto é, sal mineral para equinos deve ser administrado apenas a equinos, assim como sal mineral para bovinos deve ser administrado apenas a bovinos. Isso ocorre por dois motivos: primeiro, porque as necessidades de equinos, bovinos, ovinos e caprinos são diferentes, e ofertar sal mineral de uma espécie para outra provaca excesso de determinado nutriente ou deficiência de outro, podendo causar problemas ao animal; segundo muitos tipos de sal mineral para ruminantes contêm promotores de crescimento que são POTENCIALMENTE TÓXICOS PARA EQUINOS, podendo levar os animais à morte.
Além do fornecimento diário para manutenção do organismo, existe o fornecimento específico. Os cavalos evoluiram como animais com grande massa muscular, possibilitando que adquiram grande velocidade, um dos principais fatores responsáveis pela sobrevivência da espécie. Para movimentar essa imensa massa muscular, é necessária a produção de grande quantidade de energia. Essa energia é utilizada pelos músculos e produz grande quantidade de calor que precisa ser dissipada para manter a homeostasia do organismo.
Existem diversos modos de dissipação do calor produzido pelo corpo do animal, sendo a mais eficiente, no caso do equino, o suor. Os equinos têm cerca de 1.200 glândulas sudoríparas/cm2 que fazem as trocas de calor com o meio ambiente de modo bastante eficaz. Parte do suor dos mamíferos, perto de 5% é composta de minerais que são perdido quando há necessidade de troca de calor mais intensa, quer seja em um trabalho muscular, quer sob temperatura do ar elevada.
Esses minerais devem ser reposto por meio da alimentação para se manter o equilíbrio corpóreo. O consumo de sal mineral esperado é de 80 a 120 mg por dia, porém, alguns fatores contribuem para maior ou menor ingestão, como temperatura e umidade relativa do ar, individualidades, categoria exercício, crescimento,reprodução, manutenção etc.
Restam ainda as dúvidas: sal branco ou sal mineral? Oefrecer ambos em cocho separados? Como citado, suor do equino é composto de 5% de minerais, dos quais 95% são cloreto de sódio, ou seja, sal branco. A princípio, como as perdas de sal branco são mais elevadas que a de outros minerais, pode parecer que o animal deva ter mais acesso a ele. Ocorre que o sal branco é o principal fator tanto limitante quanto estimulante para o consumo de sal mineral. Se forem ofertados ambos os tipos de sal em cochos separados, há uma tendência de menor consumo do sal mineral, podendo então o equino ingerir menos microminerais que o essencial às suas necessidades diárias. Por isso, o ideal é ofertar um sal mineral que contenha a maioria dos elementos macro e microminerais necessários à demanda diária do equino.
Alguns cuidados devem ser tomados ao se oferecer uma suplementação mineral ao animal: deve ser sempre em equilíbrio, jamais em excessos ou forçar uma situação, exceto em casos de enfermidades em que as necessidades sejam específicas, pois existem tipos de proprietários de equinos, na ânsia de buscar uma melhor performance de seus animais, seja no crescimento de potros, seja no desempenho atlético, acabam administrando mais nutrientes do que realmente necessitam, induzindo problemas específicos por excesso de um único elemento. ISSO DEVE SER EVITADO PARA SE PRESERVAR A SAÚDE E O BEM – ESTAR DOS ANIMAIS.
Colaboração: Rodrigo Perbone, médico veterinário, com colaboração professor André Cintra