O estudo e a importância do transporte aéreo de cargas vivas foram alguns dos temas da 40ª reunião ordinária da Câmara Setorial de Equideocultura do Mapa
O Brasil iniciou pesquisa para o desenvolvimento de vacina contra o Mormo. A doença infectocontagiosa, causada pela bactéria Burkholderia mallei, acomete especialmente equídeos. O estudo, apoiado pelo Instituto Brasileiro de Equideocultura (IBEqui), teve início a partir da criação de uma Rede de Colaboração Técnico-Científica (RC), que busca o aperfeiçoamento de protocolos de diagnóstico para controle, prevenção e erradicação do Mormo no país, no âmbito do Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos (PNSE).
Dentre os pilares de atuação do IBEqui, o assunto foi abordado na 40ª reunião ordinária da Câmara Setorial de Equideocultura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), presidida pela primeira vez por Fabrício Buffolo. Na ocasião, ele recebeu boas-vindas de diversos membros das entidades participantes. O Instituto foi representado pelo seu presidente executivo, Manuel Rossitto. O envio de ofício sobre teste complementar ao Mapa e a importância do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), também fizeram parte da pauta.
Setor se une contra o Mormo
Os trabalhos executados no âmbito da pesquisa foram apresentados na reunião por representantes da Embrapa. Segundo Flábio Ribeiro de Araújo e Lenita Ramires dos Santos, a metodologia usada mostrou que é possível identificar a bactéria Burkholderia mallei em material descongelado. “O Mormo é uma doença considerada erradicada em muitos países desenvolvidos. De modo geral, sabemos muito pouco sobre a infecção em equídeos”, alertou Flábio. Segundo ele, ainda este ano será publicado artigo sobre a análise genômica de cepas.
O projeto está sendo coordenado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e pela Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/Mapa). Além do apoio do IBEqui, o estudo tem parceria com instituições do setor – como a Associação Brasileira dos Médicos Veterinários de Equídeos (Abraveq) e a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha (ABQM) –, universidades e órgãos públicos. Para minimizar qualquer risco, o IBEqui buscou junto à ABNT, certificar e normalizar os laboratórios e equipes participantes da pesquisa.
A ABQM, presidida por Caco Auricchio, destinou R$ 1 milhão ao estudo. “Temos dificuldade de conseguir rubricas para investimento na pesquisa”, destacou o pesquisador Flábio, que adiantou a necessidade de construir baias e necrotério na Embrapa, para dar seguimento aos trabalhos. “Consideramos fundamental a participação da iniciativa privada em estudos científicos, principalmente, quando se trata de sanidade animal. Para uma Equideocultura cada vez mais forte, precisamos mitigar esses entraves e ajudar o setor a avançar, só assim traremos mais produtividade e segurança aos nossos negócios”, enfatizou Auricchio.
Envio de ofício do IBEqui sobre teste complementar ao Mapa
Atendendo à demanda de diversas entidades, o IBEqui enviou, em 21 de dezembro de 2021, ofício à Câmara Setorial, sobre teste complementar. Atualmente, apenas um laboratório tem autorização para realizar esse tipo de teste no país. De acordo com o Ministério da Agricultura, o documento está tramitando em diversas áreas do Mapa, para averiguação de viabilidade de alterações na política do Mormo. A equipe técnica do Ministério se comprometeu em dar um retorno ao Instituto até o início do mês de março deste ano.
A instrução normativa nº 6 do Mapa, estabelece que, na realização do teste de triagem, em casos em que o animal testar positivo para Mormo, deverá ser realizado um novo exame. O ofício propõe alteração na redação, com a inclusão de laboratórios para a realização da contra-prova, culminando em maior credibilidade nos resultados, assim reduzindo a judicinalização, uma vez que muitos criadores acabam recorrendo à Justiça. “A proposta do IBEqui também tem como objetivo evitar o sacrífico desnecessário de animais com eventuais resultados falso positivo”, completou Rossitto.
Importância do Aeroporto de Viracopos no transporte de cargas vivas
O encontro também teve como pauta a importância do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP), para as movimentações equestres em âmbito nacional. Rita de Cássia Lourenço, chefe do Serviço de Vigilância Agropecuária (Vigiagro), apresentou informações estratégicas sobre as condições sanitárias necessárias para importação e exportação de cargas vivas. Destacou ainda que a equipe de Viracopos é experiente para lidar com essas cargas e que a infraestrutura do aeroporto oferece pista longa, que comporta cargueiros de grande porte.
Entre outros pontos positivos, reforçou que os auditores fiscais federais agropecuários (Affas) são bem treinados para o desembaraço de cargas. Ela também listou alguns requisitos para que o terminal seja mais eficiente nos transportes. “O local requer estruturas compartilhadas, baias independentes e adequações que reduza riscos de acidentes aos animais”, explicou. O IBEqui reforçou ao Mapa a importância de oficializar ao Ministério de Infraestrutura e à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que as observações feitas pela dra. Rita de Cássia sejam prioridade.