A Homeopatia, descoberta desenvolvida pelo médico alemão Samuel Hahnemann no final do século XVIII, primeiramente utilizada no tratamento de moléstias em seres humanos, tem sua eficiência comprovada no tratamento das mais diversas espécies animais.
Para entender a utilização da Homeopatia na Medicina Veterinária, reporta-se à história da Homeopatia que se inicia quando Hahnemannn, decepcionado com a medicina agressiva e pouco eficiente de sua época (Alopatia), abandona-a e dedica-se a traduzir livros e trabalhos científicos. Trabalhando na tradução de uma matéria médica sobre a utilização de China officinalis no tratamento de malária, algo fez com que Hahnemann, de forma inusitada, experimentasse China em sí mesmo, resultando em que todos os sintomas da malária produziram-se de forma branda em seu organismo. A partir desse auto-experimento, Hahnemann constatou a Lei da Semelhança, enunciada por Hipócrates há vários séculos (Similia similibus curentur).
Sendo assim, seguindo em experimentações de outras substâncias e anotando as observações, Hahnemann desenvolveu de forma brilhante a Homeopatia. Essa nova “Arte de Curar”, como era chamada a Homeopatia por Hahnemann, apresenta quatro princípios fundamentais:
1. Princípio da Semelhança: quando um paciente relata os sintomas de sua doença é ministrado a ele o remédio feito a partir daquela substância que produziu os mesmos sintomas na experimentação ou na “doença artificial”. Em outras palavras, toda substância que produz certos sintomas é capaz de curá-los.
2. Experimentação no Homem são: se o indivíduo que experimenta uma substância estiver acometido de algum mal, então os resultados não serão confiáveis, pois não se saberá se os sintomas colhidos são do mal anterior ou produzidos pela ingestão da substância experimentada. Alguns sintomas também eram colhidos através da observação de intoxicações acidentais com venenos.
3. Medicamento diluído e dinamizado: esse procedimento, base da farmacotécnica homeopática, é o que confere o poder curativo do medicamento homeopático. Foi descoberto por Hahnemann quando este, no intuito de minimizar os efeitos tóxicos de algumas substâncias letais, onde os sintomas do doente eram semelhantes aos da intoxicação por essa substância, diluiu-as e agitou-as. Observou, então, que ao administrar esse medicamento aos seus pacientes, a melhora ocorria de maneira mais rápida e efetiva. As doses infinitesimais da Homeopatia ainda causam muita polêmica; porque quando se admite que não existe mais substância em sua forma ponderal nos medicamentos, ocorre uma reação de mal estar na comunidade científica tradicional. Segundo Kent, notável homeopata inglês, que antes de se convencer da eficácia da Homeopatia era um severo crítico dessa ciência, “É impossível às nossas faculdades cognitivas entender a realidade do além dos sentidos”. Essa assertiva é explicada pelo Vitalismo, corrente que prega que o que rege e plasma a nossa matéria, ou seja, o nosso organismo, é a Energia Vital, e quando essa está desequilibrada, o corpo material também se desequilibra.
4. Medicamento Único: a escola Hahnemaniana indica que toda a gama de sintomas apresentados pelo doente deve ser analisada, e após montar o “mosaico” de todos esses sintomas, apenas um medicamento deve ser prescrito, pois apenas esse corrigirá o desequilíbrio do paciente, levando-se em conta a sua maior semelhança com a doença. A utilização da Homeopatia em animais data da época em que foi testada pelo próprio Hahnemann, que medicava seus cavalos com essa terapêutica. Além dele, Guilherme Lux (1773 – 1849), trabalhou com medicamentos dinamizados em animais doentes de mormo com sucesso, através de conhecimentos obtidos com Hahnemann.
Na medicina veterinária, a homeopatia aplica-se como tratamento clínico de animais de companhia, cães e gatos, de produção e equinos, sendo importante sobre vários aspectos, minimiza o estresse e melhora o comportamento dos animais. Os benefícios dos medicamentos homeopáticos, que atuam com foco no físico, mental e emocional
do paciente e, por não produzirem efeitos colaterais e não intoxicarem, podem ser aplicados em animais de qualquer idade e peso.
Sua atuação pode ser em caráter preventivo, curativo e melhora o desempenho animal, o que incrementa a produção e até desempenho esportivo. A homeopatia foi a primeira especialidade médico-veterinária a ser reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), em 2000; e os trabalhos de médicos-veterinários nesta área são reconhecidos mundialmente.
Como a homeopatia trabalha o animal como um todo, ela pode contribuir para a redução de doenças e melhorar a qualidade de vida. Quando a enfermidade não tem cura, a homeopatia trará diminuição dos sinais clínicos, permitindo que o animal se sinta melhor. A homeopatia não é capaz de curar o incurável, porque não é milagre e sim ciência médica. Porém, a sensação de bem-estar, está garantida, desde que o médico-veterinário acerte a medicação.
Com a profissionalização dos esportes equestres, surgiram algumas regras para a participação desses animais em competições e provas, onde a mais importante é a questão sobre o uso de substâncias que acusam o doping. Medicamentos homeopáticos são livres de resíduos, toxicidade e doping free, e podem promover maior digestibilidade e, consequentemente, maior absorção de nutrientes das diversas dietas, digestão com menos formação de gases e redução dos índices da síndrome cólica. Há também o reforço de minerais importantes para os tecidos ósseos e musculares, auxiliando principalmente na recuperação muscular desses animais, permitindo que estejam prontos para a nova atividade física com mais rapidez.
Colaboração: André Hernandez, médico veterinário.