Os cavalos da pré-história possuíam dentes curtos com pouco tempo de erupção (desenvolvimento durante a vida), uma vez que se alimentavam de vegetação rica em proteínas e, portanto, precisavam mastigar apenas 3-4 horas por dia para suprir as necessidades diárias.
Com o passar do tempo e as mudanças climáticas, a vegetação foi se modificando para níveis inferiores de proteína e o cavalo precisou mastigar por mais tempo para suprir sua necessidade, o que modificou o tamanho dos dentes, que se tornaram mais compridos e com maior tempo de erupção.
Atualmente, um cavalo deveria mastigar em média 16 horas diárias, mas a sua domesticação e confinamento tornam esse período improvável, substituindo a alimentação por concentrados (ração) e restringindo o acesso aocapim. Isso tornou seu tempo de mastigação menor do que o necessário, o que prejudicou seus movimentos mastigatórios, sendo eles mais verticais (para comer ração) do que laterais (quando o cavalo pasta).
Levando em consideração que o cavalo doméstico sofreu alteração no seu modo natural de mastigar e comer é possível afirmar que o desgaste natural dos dentes não ocorre, causando alterações dentárias significativas. Tais alterações geralmente acarretam em rejeição a embocaduras, deixar comida no cocho, derrubar comida enquanto mastiga, perda de peso e perda do desempenho esportivo, além de distúrbios digestivos, como cólica.
São diversas as alterações odontológicas em equinos, porem as mais comuns são crescimento excessivo dos dentes, formando pontas de esmalte, ganchos, ondas e rampas, que machucam a gengiva, língua e bochecha, causando dor e prejudicando na alimentação e desempenho.
É comum também equinos que tem o“dente de lobo”, que pode ou não nascer nos cavalos. Os que o possuem, na maioria das vezes são submetidos a extração, porque de acordo com seu local de erupção,pode prejudicar no encaixe da embocadura, causando resistência pelo animal.
Há problemas mais incomuns e complicados como diastemas (espaços dentro do dente), retenção de dentes, polidontia (dentes “adicionais”), fraturas dentárias, mandibulares e maxilares, cáries e doenças periodontais (que incluem gengiva, ligamento e osso).
Tais condições podem ser resolvidas, por Médicos Veterinários, utilizando ferramentas especificas para cada caso, promovendo o desgasteequilibrado dos dentes, retirando as deformidades e pontas, corrigindo a oclusão (encaixe dos dentes na mastigação), fazendo extração se necessário, além de possíveis cirurgias.
Portanto a área da Odontologia Equina é de grande importância, uma vez que age diretamente no sistema digestivo do cavalo, local da maioria das patologias equinas. Desta formaa inspeção da cavidade oral dos cavalos deve fazer parte da rotina, sendo indicada a avaliação a cada 6 meses, desde o nascimento, por profissional capacitado.
Colaboração: Roberto Delort, médico veterinário, com colaboração de Luana Roveri Balestrin, médica veterinária.