Uso de células tronco na medicina equina

O médico veterinário Rodrigo Gomes Silva traz aqui um artigo sobre Células Tronco. Confira!

Células tronco são células jovens, com alta capacidade de regenerar órgãos e tecidos que sofreram alguma lesão. Estas células podem ser extraídas de diversos locais no corpo do animal, mas, geralmente são extraídas do tecido adiposo.

Atualmente, as células-tronco têm sido motivo de interesse geral na medicina veterinária. Essas células podem ser a solução para várias doenças atuais com cura desconhecida, pois têm as características de se renovarem por divisão celular, serem células não especializadas e poderem se transformar em outros tipos de células, isto é, com capacidade de gerar uma cópia idêntica a si mesma e com potencial de diferenciar-se em vários tecidos. Podem ser classificadas em totipotentes, pluripotentes e unipotentes. Quanto a sua natureza, podem ser adultas, extraídas dos diversos tecidos humanos e embrionários. Podem ser obtidas por clonagem terapêutica do corpo humano e de embriões descartados e congelados, e são utilizadas em terapia celular. Vem sendo utilizada na medicina veterinária em experimentos com objetivo de tratar artrites, fraturas e ligamentos.

As células tronco podem ser adultas ou embrionárias. As adultas são encontradas em diversos órgãos. Podem se renovar com certa limitação e se diferenciar para produzir o tipo de célula especializada do tecido do qual se originam. Já as embrionárias, como o próprio nome diz, são células encontradas nos embriões. São mais abundantes e possuem maior capacidade para se diferenciar.

As células tronco utilizadas em equinos são do tipo mesenquimais (Figura 1) e não as embrionárias, geralmente coletadas de fêmeas com até dois anos de idade. O material é retirado de pequenas amostras de tecido adiposo (gordura), coletados em procedimentos cirúrgicos.

As células tronco Mesenquimais estão presentes em vários tecidos do animal e, num processo de injúria, são naturalmente recrutadas para auxiliar na recuperação, sendo responsáveis pela manutenção do organismo ao longo da vida. Com o passar dos anos, a produção das células tronco diminui consideravelmente, prejudicando esse processo de regeneração natural. A biotecnologia possibilitou a potencialização desse sistema naturalmente existente. As células tronco puderam ser isoladas e manipuladas in vitro para mimetizarem esse processo natural.
Quando aplicadas, as células tronco são atraídas para a lesão e contribuem para a restauração do tecido lesionado se diferenciando em células saudáveis do órgão comprometido. Além disso, as células secretam inúmeras biomoléculas que permitem ações importantes na recuperação da lesão, como a capacidade de produzir novos vasos sanguíneos, atenuar a fibrose, evitar a morte celular programada e exercer ação anti-inflamatória e imunossupressora, além de estimularem as células tronco do próprio micro ambiente.
Atualmente, as células tronco podem ser utilizadas para tratar patologias como doença renal, artrose, fratura óssea, lesão na medula espinhal, lesão de tendão e ligamento, sequela neurológica de cinomose, aplasia/hipoplasia de medula óssea, doença hepática, úlcera de córnea, ceratoconjuntivite seca entre outras. No entanto, o animal deve ser devidamente avaliado para saber se está apto a receber a terapia e se realmente tem indicação de tratamento.

Nos últimos anos a medicina regenerativa vem, merecidamente, ganhando espaço na medicina veterinária convencional. Dentro dessa área inovadora, a terapia com Células Tronco Mesenquimais (CTM) têm se mostrado uma alternativa importante e, quando devidamente indicada, apresenta resultados que podem variar desde uma melhora na qualidade de vida do paciente até a cura em alguns casos.

O material produzido é distribuído por todo o país, cada caso deve ser avaliado para saber qual o numero de sessões que serão necessárias para o tratamento do animal em questão.

Conclusão:

As células tronco hoje representam uma grande promessa na área da saúde animal, por serem células de fácil isolamento, com grande potencial de se replicar e adquirir funcionalidade de qualquer tecido presente no corpo do animal, possibilita o reestabelecimento desse animal que por sua vez pode retornar as suas atividades seja para o esporte, trabalho ou outra. Sendo assim possuímos em mãos um tratamento altamente eficaz frente a lesões como osteoartrites, osteoartroses, tendinites, laminites, doenças neurológicas, doenças inflamatórias das vias aéreas, doença renal entre muitas outras.

Colaboração: Dr. Rodrigo Gomes da Silva, médico veterinário