Após um eletrizante desempate, a Suécia ficou com ouro e os EUA, prata. A Bélgica garantiu bronze. Destacadas equipes como França, Alemanha e Grã Bretanha não conseguiram fechar a competição com seus três integrantes e aparecem da 8ª à 10ª colocação.
A final olímpica do Salto encerrou as disputas do hipismo nos Jogos Olímpicos no parque equestre Baji Koen, em Tóquio, sábado, 7. As 10 melhores equipes da qualificativa disputada na sexta-feira, habilitaram-se na corrida pelo ouro e a eletrizante disputa que começou com contagem de pontos zerada teve muitas surpresas. O Brasil que largou pela ordem com Marlon Zanotelli montando Edgar M, 12 pontos, Yuri Mansur montando QH Alfons dos Santo Antonio, com apenas 1 falta no meio do triplo, 4 pontos, e Pedro Veniss com Quabri de L´Isle, 13 pontos, fechou a difícil competição por equipes em 6º lugar totalizando 29 pontos perdidos.
O percurso de 14 obstáculos com 17 esforços incluindo um duplo e um triplo, idealizado pelo espanhol Santiago Varela, estava de fato muito difícil e mais uma vez contando com sete obstáculos inéditos, retratando a cultura japonesa. Importantes times – sempre entre os favoritos como Grã Bretanha, Alemanha e França, campeã na Rio 2026, que estava liderando a competição quando Penelope Leprevost com Vancouver de Lanlore foi eliminada – não concluíram as performances com os três integrantes de suas equipes. Assim, a Argentina que terminou a final olímpica com seus três representantes garantiu o 7º posto, totalizando 49 pontos perdidos. Vale lembrar que no formato olímpico inaugurado em Tóquio, as equipes passaram a contar com três integrantes ao invés de quatro e sem direito a descarte do pior resultado a cada dia.
Duas equipes da Suécia e EUA – com oito pontos cada – foram ao desempate pelo ouro. Os três integrantes de cada equipe zeraram o desempate e com o excelente tempo de Peder Fredericson com All In, duas vezes vice-campeão olímpico individual na Rio 2016 e agora em Tóquio, a Suécia foi a grande campeã contando ainda com Malin Baryard-Jonhsson e Indiana, 5ª individual, e Henrick von Eckermann montando King Edward, 4º individual, com um performance perfeita do início ao fim.
Formaram a equipe medalha de prata dos EUA Laura Kraut montando Baloutine, Jessica Springsteen apresentando Don Juan de Donkhoeve, e Mc Lain Ward com Contagius. A medalha de bronze totalizando 17 pontos perdidos ficou com a Holanda que contou com Marc Houtzager com Dante, Harrie Smolders apresentando Bingo du Parc e Maikel van der Vleuten montando Beauville Z.
E, sem dúvida, o grande nome do Time Brasil de Salto em Tóquio foi Yuri Mansur, 42, cavaleiro paulista radicado na Europa, em sua estreia olímpica com QH Alfons do Santo Antonio, um cavalo estoniano filho de Aromats, de 14 anos, de propriedade do empresário carioca Francisco Brandão. Yuri foi o único brasileiro na final individual fechando em 20º lugar e após ficar de fora da qualificativa das equipes entrou substituindo Rodrigo Pessoa e Carlito´s Way 6, holsteiner de 11 anos, que deu muito trabalho no 1º percurso das equipes.
“Foi bom meu cavalo descansar depois da final individual. Acabou que ninguém imaginava o que aconteceu com o cavalo do Rodrigo. Mas a princípio a gente imaginava que tanto eu como Marlon estaríamos na final por equipes. Eu vou dizer que o meu cavalo agradeceu muito esses dois dias de descanso porque na verdade como na final individual isso aqui está muito técnico, muito difícil,” destacou Yuri, que também comentou sobre a presença de Rodrigo Pessoa, de volta ao Time Brasil, em sua 7ª Olimpíada. “Ter o Rodrigo por perto é igual ter o Ronaldo fenômeno na seleção, então só dele estar com a gente já dá um peso na frente. O cavalo dele é jovem com pouca experiência. Do primeiro dia para o segundo todos os obstáculos foram diferentes e hoje tinha outros sete obstáculos diferentes. Meu cavalo também se assustou um pouco no primeiro dia, mas não tivemos problemas.”
Pedro, paulista de 38 anos radicado na Europa, cavaleiro de três Olimpíadas e que integrou o Time Brasil na Rio 2016 com a mesma montaria quando o país fechou em 5º lugar, lamentou seu resultado. “O Quabri estava um pouco cansado, mas não ajudei como deveria. Fiquei triste por não ter o resultado que a gente queria, por não ter montado o Quabri como merece”, disse o cavaleiro referindo-se ao garanhão sela francês de 17 anos de sua propriedade, com o qual forma um dos mais premiados conjuntos do hipismo brasileiro nos últimos anos.
“Agora é pensar lá na frente, continuar trabalhando, mais duro ainda, porque Paris já está logo ali. Eu acho que a gente continua mais uma vez entre os melhores: no Rio estivemos entre os melhores e aqui em Tóquio também. Está faltando aquele detalhe final para gente poder chegar no pódio. Então acredito que a gente tem que dar continuidade a esse trabalho para chegarmos em Paris cada vez mais fortes. Graças a Deus temos cada vez mais melhores conjuntos representando o Brasil em pistas internacionais, então isso vai nos fazer mais fortes com certeza. Aproveito para agradecer o apoio de todos e a minha família no Brasil: obrigado pela torcida!”
Marlon, 33, maranhense radicado na Europa e atual nº 7 do ranking mundial, elogiou seu cavalo Edgar, uma sela holandês de 12 anos, de propriedade do empresário norueguês Bjorn Rune Gjelsten e do cavaleiro. “O Edgar saltou muito bem. No final as faltas foram mais culpa minha tanto no triplo como no duplo. Fizemos ainda a falta no rio (água), em que normalmente ele não tem dificuldades”, disse o brasileiro que também comentou sobre a conexão com os cavalos no hipismo. “A beleza do nosso esporte é a conexão entre o cavalo e o cavaleiro. Não é só durante a pista, é fora também, de toda equipe que cuida dos nossos cavalos. Dentro da pista tem as perguntas que você tem que resolver junto com o cavalo. Essa conexão, sentir como o cavalo está a cada dia, a cada prova, a cada salto faz com que a gente cada vez mais se motive em nosso esporte: uma paixão que perdura por tanto tempo!”
O Time Brasil de Salto em Tóquio foi liderado pelo técnico suíço Philippe Guerdat e o chefe de equipe Pedro Paulo Lacerda, que acompanharam o Brasil na conquista do hexacampeonato por equipes e o ouro individual de Marlon Zanotelli no Pan Lima 2019.
Resultado final
Ouro – Suécia – 8 pp – 0/122s90
Prata – EUA – 8 pp – 0/124s20
Bronze – Bélgica – 12 pp
4º Holanda – 17 pp
5º Suíça – 28 pp
6º Brasil – 29 pp
7º Argentina – 49 pp
8º França – 2 pp e Elm
9º Alemanha – 12 pp e Elm
10º Grã Bretanha – 24 pp e forfait
Fonte: Imprensa CBH – Carola May e Rute Araújo
fotos: Luis Ruas/Hipismo Brasil