#tbt Criatório Campeãs da Gameleira: 21 anos do sonho que se tornou realidade

“O nosso #tbt da semana traz o perfil do Criatório Campeãs da Gameleira, uma matéria especial que publicamos em dezembro de 2017 na edição número 16 da Revista da Marcha. Vamos conferir?” **

Iniciado em 1998 através da paixão de seu proprietário Martin Frank Herman pelos muares, o Criatório Campeãs da Gameleira se tornou reconhecido internacionalmente pela qualidade dos seus produtos, sejam eles muares ou asininos.

Com bem mais de uma centena de títulos conquistados, dentre eles o de melhor criador e expositor da ABCJPega, títulos de grande campeão nacional e ainda o reconhecimento de ser o melhor criador de jumentos e mulas do mundo, o Criatório Campeãs da Gameleira é referência quando se trata de asininos e muares. O titular Herman relembra aqui como tudo começou e afirma que, apesar do seu sonho ter se tornado realidade, ainda tem muito por vir!

O CCG começou em 1998, quando Herman e família resolveram desmitificar a história dos muares e iniciar uma criação de mulas de elite. “Nós fomos o primeiro criatório brasileiro a usar um jumento de primeira linha, um grande campeão nacional, para servir éguas. Naquela época, ninguém fazia isto, jumento de pista era só para servir jumenta, e neste sentido nos tornamos revolucionários. Daí investimos em manejo, nutrição e iniciou a virada do mercado para a realidade que hoje é completamente diferente”, conta o criador.

O envolvimento de Herman com a tropa vem de família. Ele e a irmã foram influenciados ainda crianças pelos pais, que acreditavam que se eles crescessem envolvidos com animais, tendo a responsabilidade de zelar por eles, teriam um risco menor de envolvimento com vícios. Daí iniciou o apego pelo meio, e, apesar de iniciar pelo hipismo clássico – adestramento e salto – seguindo a educação europeia dos pais, o gosto de Herman sempre foi maior pelas cavalgadas.

A chegada até os muares aconteceu através dos amigos Paulo Purificação e Celso, que sempre participavam de passeio montados em burros. A comodidade dos animais unido à rusticidade chamou a atenção de Herman, que se interessou pelos muares de sela, que na época eram escassos.

“Deste jeito começou e, apesar de ter ficado um tempo afastado do meio, devido a um incidente que presenciei, foi quando nasceu minha primeira filha, que o sentimento adormecido voltou. Como era separado, nas férias ela ficava comigo e em um dos passeios, visitamos o haras de um amigo, onde o administrador me falou sobre a paixão do seu pai por muares. O papo foi longo e meu amigo nos convidou para sair com as famílias numa cavalgada. Hesitei, pois falei que minha filha e a então esposa não sabiam montar, mas que iria caso elas topassem. Para minha surpresa elas aceitaram o convite. Com os animais arreados, quando sentei na sela, voltou na hora aquela febre e fiquei louco, já afirmando que iria comprar uma mula e voltar a montar para realizar o sonho da minha vida de ter uma mula”, conta o criador.

Decisão tomada, Herman visitou vários lugares em busca de uma mula do seu agrado. Achou então a Araponga, gostou dela mas não comprou e, neste meio tempo, sua esposa acabou adquirindo o animal para presentea-lo de Natal, antecipadamente, já que era setembro. “Morávamos em São Caetano, na grande São Paulo, e ela descarregou a mula na porta de casa. Logo procurei as cocheiras do Chiquinho Gomes, perto de casa, para alojá-la e todas as noites, quando saía do serviço, ia monta-la. A empolgação foi grande, comprei uma égua Mangalarga, depois me envolvi também com o American Trotter, já que o proprietário da cocheira era do meio, deixando minha ex-mulher maluca. Quando iniciou o rodizio de placas de carro em São Paulo e minha empresa ficava a 6 km de casa, eu pendurei argolas na empresa e ia trabalhar de mula, para satirizar o rodízio, além de ser um passeio prazeroso para mim. Corria com charrete, estava envolvido totalmente com os cavalos e muares. Tudo isto virou a compra do espaço em Itapeninga, que se tornou o CCG e então decidi me tornar um criador”.

Com toda família envolvida, Herman iniciou a participação em exposições e competições e foi para a Bahia comprar animais para aumentar o plantel. Além de investir em muares, se interessou por jumentos o que incomodou alguns criadores, decidindo provar que se tornaria exemplo na criação, comprovando isto com o jumento Juazeiro do Paschoal, cinco vezes Grande Campeão Nacional e, nos últimos anos, se tornando melhor criador e expositor da raça.

Seleção do plantel

No que tange à seleção dos animais, Herman afirma que possui éguas de todas as raças e pelagens para produção de muares, procurando sortimento para poder atender a maior parte da carência de demanda de clientes que procuram o seu criatório. Já no que diz respeito aos jumentos, o acerto no cruzamento não foi imediato.

“Comecei com um jumento pampa e fui enganado, achando que pampa com pampa dava pampa e não dá. Depois disto passei para um jumento pelo de rato de uma origem e comprei as jumentas de outra origem, o fato que se deu é que o acasalamento destas duas famílias que decidi fazer não deu certo. Foram tentativas e erros até chegar aos acasalamentos corretos. Comecei a ter um êxito significativo até chegar ao ponto de ser o melhor criador e expositor da raça, que vem sendo sequencial, o que é ainda mais gratificante, porque mostra que você tem resultado no seu trabalho de genética em várias frentes com diversos animais. Fazer vários campeões nacionais e alguns grandes campeões aumenta a carteira de pontuação que permite os títulos de Melhor Criador e Expositor da raça, e nos faz perceber que o seu trabalho está sendo direcionado de uma maneira positiva”, explica Herman, ressaltando que sua motivação foi o descrédito de muitos falando que não iria conseguir.

Destaque internacional

Em 2006, Herman mandou um container de animais para os Estados Unidos para participar de competições e o Criatório Campeãs da Gameleira fez o jumento General da Lu, bi-grande campeão mundial, enquanto outro jumento foi campeão mundial, para grande alegria do criador.

“Levei também uma mula no quesito morfologia que, entre 900 animais que tinham na competição pegou 3º lugar, que na minha opinião não foi de todo ruim. Por estes resultados fui homenageado na América, como melhor criador e jumento de mulas do mundo”, continuou.

Acreditando que não há bem que sempre dure e mal que nunca acabe, o criador afirma ter como sonho a realizar, o novo governo regularizar a situação do mormo e AIE no Brasil para os animais brasileiros poderem entrar na Europa. Resolvido esta pendência, sua vontade é levar a tropa CCG para desembarcar no aeroporto de Frankfurt, terra da sua mãe, rumo à Equitana, a maior feira equestre do mundo, para que os europeus conheçam os animais da raça Pêga.

Metas futuras

Com um plantel de cerca de 150 animais a produção anual do criatório gera em média de 55 lotes por ano. Usando jumentas de elite com jumentos de elite para cruzamento; assim como na criação de muares, o foco fica no andamento e morfologia bastante significativos em relação ao padrão de cada raça, para formar uma tropa de respeito, tanto para o comércio como para participar de exposições e provas.

Visando o futuro, continuar melhorando sempre é um lema para o CCG e, como agora já estabilizou o caminho a ser trilhado com os asininos, a meta agora é dedicar um pouco mais de tempo para os muares, voltando com as mulas de pista, fator que abandonou um pouco desde que se dedicou intensamente na criação dos asininos.

“Meus filhos deste último casamento adoram montar e já estão fazendo provas sociais, então vai ser ótimo uma maior dedicação aos muares e acredito que isto vai incentivá-los a ter prazer não só nos asininos, mas também nas mulas, para dar sequência ao trabalho que comecei. Vamos ver se este sonho também se realiza”, finalizou.

** matéria publicada na edição 16 da Revista da Marcha, em dezembro 2019