Já que hoje é dia de #tbt vamos relembrar matéria publicada na edição 5 da Revista O Trotador trazendo o perfil do criador Jacir Jorge.**
“Proprietário do Haras JJ e Stud Andorinha, Jacir Jorge é mais um apaixonado pelo cavalo trotador. Começando na brincadeira, foi pegando gosto, investindo em animais cada vez melhores e hoje é um criador que tem um prazer enorme em ver a evolução do seu criatório, na busca sempre pelas melhores linhagens.
Em 2002, quando tudo começou, Jacir conta que já entrou para o meio equestre pelo cavalo trotador, quando adquiriu um ‘mesticinho’. A escolha foi pela paixão que ao andar de charrete, o vento na cara proporciona. “Sempre ouvia falar do cavalo ‘argentino’ e, ficando curioso, acabei comprando um animal mestiço e, na sequência peguei gosto e resolvi comprar um puro, chamado Ceibo, adquirido na Sociedade Paulista de Trote, que só me deu alegrias”, lembra.
A aquisição foi visando a corrida e, segundo Jacir, além de vitórias, este primeiro animal lhe ensinou a correr. “Foi um cavalinho que só me deu alegrias e aumentou o meu gosto pelo esporte. Na época, comprei 12 animais, nem tinha onde coloca-los aqui. Dai fui vendendo, selecionando e comecei a criar”, continua.
Apesar de nunca ter como meta a criação, Jacir conta que tudo foi acontecendo naturalmente. A princípio, seu objetivo era ter animais prontos para correr, mas quando o Ceibo foi ficando mais velho e já tinha lhe proporcionado inúmeros títulos, o proprietário resolveu tirar um potro dele, procurando o amigo Mário Vicensio para buscar uma égua boa e fazer o cruzamento.
“O Ceibo cruzou com a Nicotine e nasceu a primeira potra da minha criação, a Nicotine II, que está até hoje comigo, já como matriz, criando lindos potros. Assim foi o começo de tudo, adquiri mais éguas e hoje me tornei um criador. É uma satisfação enorme ver o potro crescer, fazê-lo correr e dar continuidade. Tudo começou com o incentivo do Mário, que, logo depois ligou para que eu integrasse o consórcio do Spy Hard, primeiro reprodutor americano a chegar no Brasil, daí tive que comprar mais éguas e assim foi aumentando a produção”, ressalta Jacir.
O primeiro potro da geração Spy Hard no Haras JJ foi o Spandil que hoje está fazendo carreira no Rio de Janeiro. “Logo depois adquiri do Stud TG a Exótica, uma potrinha que acabei de criar e assim fomos continuando. Não criamos por brincadeira, estamos levando muito a sério, buscando uma raça mais apurada, tanto é que decidimos ser parceiro do Haras Vicensio neste novo garanhão que chegou, o Ok Commader, quero a tropa mais alinhada. Este ano já vou colocar a Exótica com ele e esperar as outras éguas criar para também cruzar com ele”.
Já são 16 potros nascidos, 13 deles vendidos na região de Limeira, onde o Haras está localizado. O criador ainda conta que teve um problema no feno e acabou perdendo três potros, mas não desanimou, e continuou a criação.
Apesar de gostar muito da emoção que a corrida nas pistas proporciona como jóquei, Jacir conta que ficou sem nenhum animal pronto para correr. “Os meus potros que eram para estar prontos, vendi tudo e fiquei sem nada aqui. Agora estamos domando duas potras para o ano que vem e temos mais quatro para o outro ano, dois deles já vendidos, o restante vou começar a reservar para mim, porque senão fico sem correr. Estou querendo voltar urgente às pistas. No máximo em janeiro, estarei de volta como jóquei”, disse.
As maiores alegrias de Jacir nas pistas foram proporcionadas pelo Ceibo que lhe deu títulos como Rei da Milha, vitórias em clássicos de primeira, já que era o animal a ser batido em sua época. “Ele ficou um ano direto invicto. Para se ter uma ideia, quando eu o comprei, o melhor tempo que existia na pista de Viracopos era de 1:59 e na segunda carreira que fiz com ele lá, marquei 1:57, sendo que nosso melhor tempo foi de 1:56. Ele realmente era muito bom!”
Depois do Ceibo, Jacir começou a correr com o Imutable, animal que chegou da Argentina com 3 anos de idade e está até hoje no Haras JJ. “Quando chegou eu já corri com ele na velocidade e ganhou, venceu clássico de 2000 metros em Campinas e acabou se tornando o animal a ser batido”, relembra.
Apesar do investimento na criação, Jacir ressalta que o cavalo trotador é o seu hobby, para isto está ampliando as instalações do seu criatório e conta que quando não está trabalhando faz questão de estar no Haras perto dos seus animais.
Evolução da criação
Com o Spy Hard e o OK Commander, Jacir acredita que a evolução da sua criação será grande, fazendo intercâmbios entre os cruzamentos. “Estamos bem adiantados e é muito bom ver este crescimento da raça no Brasil. Além disto, vemos cada vez mais pistas sendo inauguradas para o fomento do esporte. O cavalo trotador é um vício, mas um vício saudável, onde a gente acaba fazendo ótimas amizades. Algumas vezes já falei que ia parar, mas cada vez que vejo a tropa aqui aumenta. Hoje estou com 12 animais e mais quatro para nascer, das minhas éguas que estão prenhes”.
Como sonho a realizar, Jacir Jorge quer ver um animal de sua criação correr um Grande Prêmio Brasil e vencer. “Acredito que seja o desejo de todo criador, ter os animais tops. Hoje me vejo mais criador do que jóquei, mas seria ótimo vencer um título importante correndo um cavalo que vi nascer, subindo de categoria até chegar no topo. Ganhar corrida já ganhei bastante, agora o desafio é levar meu potro até uma categoria de primeira, e ganhar. Preciso sentir qual vai ser a adrenalina”, finaliza o criador.
**matéria publicada em agosto de 2015 na edição 5 Revista O Trotador