Vamos relembrar matéria publicada na edição 16 da Revista O Trotador que traz a história de paixão do lutador do UFC Charles do Bronx pelo cavalo trotador, porque hoje é dia de #tbt *
“Maior finalizador da história do UFC – Ultimate Fighting Championship – Charles ‘do Bronx’ Oliveira é um apaixonado pelo cavalo trotador. A história vem de criança e hoje, além de ter alguns animais, o lutador está aprendendo a joquear, pois quer sentir também a emoção nas pistas, apresentando seus cavalos.
Nascido no Guarujá, onde além da praia existem muitos cavalos trotadores, Charles Oliveira começou a lutar jiu-jitsu aos 12 anos de idade em um projeto social da comunidade que morava e, a partir daí, ganhou todos os títulos na modalidade – paulista, brasileiro, pan-americano e mundial. Aos 18 anos fez sua primeira luta de MMA – Artes Marciais Mistas – e ganhou, na sequência estreou na categoria profissional. No Brasil ganhou 18 lutas e então foi para os Estados Unidos, onde participou do ‘Rings of Combat’, conquistando o cinturão. Na volta ao país assinou com o UFC, onde está há oito anos e entrou para a história da entidade com recorde de finalizações: 13 no total, sendo a última ocorrida no dia 2 de fevereiro no UFC Fortaleza, onde derrotou David Teymur, considerado pelos comentaristas favorito, mas que não aguentou a pressão e aumentou as estatísticas de Charles nas finalizações.
Por quase 24 anos a lenda viva Royce Gracie era o detentor do título de maior finalizador do UFC, com 10 no total, ocupando hoje a 2ª posição do ranking da entidade, mesmo não lutando mais. Em terceiro lugar está outro brasileiro, Demian Maia, com 9 finalizações.
“Para um cara com 29 anos se tornar recordista no maior evento do mundo com 13 finalizações, é algo imaginável, mas a gente treina demais e os resultados chegam. Amo jiujitsu, amo tudo que faço, então tudo acaba dando certo”, disse Charles.
Logo após a vitória em Fortaleza, o lutador explica que as metas para este ano é manter o bom rendimento como aconteceu em 2018. “Pretendo ainda fazer mais duas ou três lutas este ano para chegar mais perto do objetivo que é o título, almejado por todos do UFC. Para isto, me mantenho focado, treinando e quando chegar a oportunidade eu estar preparado”.
O treinamento de Charles é de segunda a sexta-feira e quando existe luta agendada treina também no sábado. Atualmente Charles do Bronx faz parte da Chute Boxe Diego Lima, que é a maior equipe focada na parte de trocação do mundo, e, no jiujitsu, integra o Macaco Gold Team. “Treino de tudo um pouco, me mantenho focado, na realidade, me privo de várias coisas para poder treinar, chego a falar que o treinamento acontece praticamente 24 horas por dia”. Mas a rotina é assim para um lutador de sucesso.
Cavalo, uma paixão
Em contrapartida aos treinamentos, o mundo equestre é também muito presente na vida de Charles do Bronx. “Quando era moleque, tive contato com cavalinho simples, de sela, que era do meu tio, mas ele teve que vender pois ia embora da cidade. Fiquei muito triste e falei para a minha mãe que quando tivesse condições e trabalhasse iria comprar o meu próprio cavalo. A ideia inicial era um animal de sela, mas dai quando me apresentaram um cavalo de charrete, foi eu montar e me apaixonar. Nunca mais quis saber de cavalo de sela. O cavalo de corrida trotador é uma paixão que para mim se tornou um vício do bem, pelo qual sou apaixonado”, conta.
A princípio, os cavalos trotadores que adquiriu foi para fazer romaria e passeios, mas assim que o amigo Gia Santos o levou conhecer a Sociedade Paulista de Trote, em Piracaia, decidiu investir na corrida. “Comecei deixando meus cavalos no Stud Gomes, do Kiko e fui me apaixonando cada vez mais pelas corridas. Conheci o marchador e hoje gosto dos dois. Tenho dois animais que ficam hoje no Stud Dahy e é uma sensação indescritível acompanha-los em tudo”.
Tendo o cavalo marcado na própria pele – em suas tatuagens – Charles conta que ama bichos em geral, mas a paixão pelos cavalos é maior e faz questão de escovar, andar, até mesmo conversar com os seus, sempre que possível. “Tenho uma tatuagem no meu ombro esquerdo, que traz esta minha paixão, que é o desenho de um batimento cardíaco e um cavalo, é assim que me sinto. O cavalo faz parte da minha história, gosto demais”.
Fortes emoções
Dentro da pista o cavalo proporciona fortes emoções. Segundo Charles, a torcida é grande para o seu animal, com vibração, e o desejo seria estar sempre próximo quando elas acontecem.
“Gosto de acompanhar o treinamento dos animais, pois assim como na luta, é preciso se dedicar ao treinamento, investir em alimentação e cuidados para ter resultados nas pistas. Acredito também que é preciso deixar o animal sempre muito calmo, assim como faço antes da luta, onde tento ficar o mais calmo possível para ter uma boa luta. Se antes da corrida, o jóquei ou tratador passar nervoso para o animal, isto poderá prejudica-lo. Saio de perto quando a ansiedade toma conta para que o cavalo consiga fazer uma corrida boa”, ressalta.
Desde que comprou seu primeiro cavalo, vários animais já passaram nas mãos de Charles. “Comprava um, outro, tive vários na minha casa e no sítio, mas hoje dei uma acalmada, acho que é melhor ter um ou dois bons, do que ter muitos sem resultados. A Esmeralda e o Cupido são meus dois marchadores que ficam lá no Stud Dahy e também tenho uma eguinha trotadeira com que faço as romarias e fica lá no meu sítio. O Cupido dispensa comentários, a Esmeralda acabou de chegar e a trotadora é Rebenque, então nem preciso falar muito, é boa demais”.
Mas Charles não quer apenas ser proprietário e torcer por seus animais. Ele deseja mais emoção e está aprendendo a ser jóquei, com o treinador Marquinho, que está ajudando bastante para poder apresentar seus cavalos. “A gente corre na rua, mas é completamente diferente de corridas nos hipódromos. Estou aprendendo devagarzinho, mas tenho vontade de tocar um páreo de velocidade, só que sei onde é meu lugar, lutando e treinando, então, quando tiver uns páreos mais tranquilos, vou querer experimentar sim”.
Questionado sobre o que ambiciona no meio, Charles responde rápido: “a gente sempre sonha ter um cavalo de velocidade, de primeira e ser campeão da Copa. Quem sabe isto se concretiza não é?”, finalizou o lutador.”
*matéria publicada em março de 2019 na Revista O Trotador