Nosso #tbt da semana traz matéria da edição 10 da Revista O Trotador, publicada em março de 2017 contando a história de união de duas tradicionais famílias do cavalo trotador. Vale conferir!
“Sempre unidos em sua paixão pelos trotadores, o casal Solange Valaska e Franco Dattola desde muito cedo estiveram envolvidos com o meio equestre, já que o amor a estes animais vem de família e ambos se orgulham hoje dos filhos seguirem a mesma tradição, comprovando que esta paixão pelos cavalos é genética.
Descendentes de imigrantes lituanos e italianos que vieram para o Brasil no período da guerra e se estabeleceram na região da Vila Formosa (capital paulista), Solange Valaska e Francisco Inácio Dattola – ou apenas Franco como é chamado pelos amigos – são casados há 35 anos e são exemplos que a paixão pelo cavalo trotador é transmitida de geração a geração, pois foi herança dos pais passada aos filhos Domenico e Franco, que também são totalmente envolvidos com o meio.
Filha de Petras Valaska, o lituano que chegou criança ao Brasil e adorava assistir as corridas que aconteciam no Jockey Club na rua do hipódromo no bairro da Mooca, Solange conta que o pai corria na rua e foi convidado por um dos diretores da Sociedade Paulista de Trote a se tornar jóquei. “Foi o pai do seu Waldemar que levou meu pai para o trote. Ele era ferreiro, tirou sua carteira de jóquei e ficou trabalhando lá até a desativação da Vila Guilherme. E não teve escapatória, eu também, desde pequena, estava sempre presente acompanhando os eventos sociais da SPT”.
Já o pai de Franco, o italiano Luigi Dattola, era negociante de cavalos e o primeiro animal do trote que adquiriu foi uma égua, de propriedade do Mário Giannella no início dos anos 60. Desde então a paixão só cresceu e Franco, que praticamente nasceu em cima dos cavalos, conforme ele mesmo conta, o acompanhou neste amor pelo trote. “Desde os 7 anos de idade eu ia na SPT, ficava de fora tentando ver as corridas, assim como a Solange”.
Vizinhos de bairro, o casal já se conhecia antes da SPT e os pais eram amigos no trote, mas devido a um desentendimento em uma das corridas, Luigi e Petras perderam a amizade e não se falaram mais. Isto não impediu que Solange e Franco começassem a namorar, só que escondido, pois não podiam contar aos pais que estavam juntos, para a inimizade não piorar. E assim foi por três anos até decidirem casar.
“Meu pai só ficou sabendo na semana do casamento, porque se eu falasse antes ele me matava. Mesmo assim, em quatro dias ele preparou uma super festa, que nem a gente esperava. Casamos no dia do meu aniversário, 15 de maio, com grande comemoração. Nossos pais foram ao casamento, mas continuaram sem se falar, e fomos levando a situação. Com o nascimento dos meninos, nossa maior riqueza, tudo foi amenizando”, continuou Franco.
E são muitas importantes histórias vividas que ficam na memória do casal, ressaltando o amor ao cavalo. “Lembro quando chegaram quatro animais franceses aqui no Brasil, trazidos pelo senhor Piton e fiquei louco em um deles. Se não me falhe a memória foi em 1984 ou 85, e na época, meu pai ia me dar um carro, mas falei que meu sonho era um destes animais, não demorou e ele comprou do seu Botelho, um dos ex-presidentes da SPT, o Erlon para mim, um trotador francês maravilhoso, que chamava atenção por onde passava. Assim como meu pai sou apaixonado pelo trotador e o Erlon morreu de velho na nossa mão. Temos aqui ainda hoje dois animais netos do Erlon, um cavalo com 23 anos de idade e uma égua de 20 anos, ambos e porte e uma saúde diferenciada”, continuou.
Franco e os filhos sempre tiveram cavalos e começaram a criar por hobby. Há dois anos decidiram investir na criação, após a aquisição do reprodutor americano Wonder Dance. O animal faleceu no ano passado e hoje a família tem um potro já nascido e dois que estão para nascer, filhos do trotador. Com um plantel de 23 animais, o Stud Dattola recebeu recentemente o american trotter Chucaro Magic Rescate, que é o mais novo garanhão do criatório.
O cavalo mobiliza tanto a família que há três anos, deixou a confortável casa na capital paulista para estarem mais próximos de seus animais. Eles estabeleceram residência e negócios em Piracaia, ao lado da sede da SPT. O filho mais velho do casal é treinador do trote e cuida do Stud, enquanto o mais novo, Domenico, é veterinário e também tem seus animais.
“Temos orgulho em falar que o cavalo está no nosso sangue. Ver nossos filhos totalmente envolvidos com o meio nos enche de orgulho e nossa meta futura, com certeza é continuar vivendo desta maneira, sonhando e colaborando para o crescimento cada vez maior do trote no Brasil”, finalizou Franco.”
*matéria publicada em março de 2017