Vamos relembrar matéria publicada na edição 11 da Revista da Marcha, em abril de 2018, trazendo os critérios de julgamento da Associação Brasileira de Provas de Muares e Equinos de Marcha.
“Criada há 20 anos, a Associação Brasileira de Provas de Muares e Equinos de Marcha é reconhecida no fomento de competições país afora e, para que todos conheçam os cinco critérios de julgamento, diretores e juízes da entidade fizeram uma mesa redonda para uma explanação maior de cada item avaliado em pista.
A idéia de criar uma Associação para incentivar as provas de marcha aconteceu numa reunião entre amigos, participantes de competições, que tinham apenas os eventos oficiais da ABCJPega para levar seus animais. Pensando em ampliar as opções de provas e também ter espaço para os equinos, nasceu a Abpmem, em 1º de novembro de 1997, com a presença de 40 pessoas, em Indaiatuba. Sempre em busca de conhecimentos para defesa dos legítimos muares e equinos marchadores, a Abpmem instituiu uma forma de julgamento para avaliar os quesitos básicos de um bom andamento.
O presidente da entidade, Alvaro Biasetto, o Gigio, ressalta que os criatórios tiveram um enorme avanço em suas tropas, apresentando andamentos definidos tanto no tríplice apoio como no diagonal e por isto, o julgamento de cada animal em pista deve ser feito através da avaliação mais natural possível, sem artifícios, nas provas.
O quadro de juízes da Abpmem é formado por profissionais com conhecimento em andamento natural para que as avaliações sigam os parâmetros de cinco quesitos básicos definidos pela Abpmem: Regularidade, Estilo, Comodidade, Resistência e Rendimento.
1 – Regularidade – animais que começam e terminam a prova com o mesmo andamento, na mesma toada. São animais com andamento definido, equilibrado e natural.
“Muitos cavaleiros que vemos em provas tocam suas montarias do jeito que querem. Começam tocando curto, depois aceleram e, no final, estão fora da toada de prova, flexionando e torcendo. Alguns colocam a sela na cernelha do animal, chegando a ficar em pé na sela, procurando recursos para tentar mascarar e diminuir o atrito de sua montaria. Vários destes animais não são naturais, são feitos pelo treinador e enganam os mais leigos”, explica Gigio Biasetto, presidente da Abpmem.
2 – Estilo – animais que entram com a cabeça mais alta natural, sendo altivo, olhando para o horizonte, trocando as orelhas e mantendo a sua frente numa posição só (não olhando para o céu estrelado), com a cauda na movimentação certa, bonita e natural.
“O animal deve ter uma posição de cauda bonita, sem brigar com a embocadura, mantendo a movimentação natural e correta, não flexionada e amassada nas rédeas. Porque às vezes vemos ele martelando, brigando na mão do apresentador. Existem cavaleiros que sofrem com a posição da cabeça de seus animais em pista, não conseguindo andar numa posição só devido à flexão e a embocadura que estão usando como artifício. E ainda ouvimos comentários de que um animal assim está com o conjunto de frente melhor do que outro”, continuou.
3 – Comodidade – animal que dá prazer de montar, cômodo de sela e de rédeas, com isto, fácil de ser tocado, e que não apresenta troca de andamento.
“E muitas vezes ainda vemos as pessoas confundirem maciez com comodidade”, ressaltou o juiz Filipe Neves.
4 – Resistência – animais que começam e terminam a prova com vontade de andar, brio na pista e temperamento de sela natural.
“Os cavaleiros não podem confundir temperamento de sela com animais que estão passados na pista. Temperamento de sela é a qualidade de ser ligeiro, estando na mão do cavaleiro, enquanto um animal passado é o que quer correr na pista, não te dando conforto em momento algum da sua montaria”, explica o juiz Mamão.
5 – Rendimento – animais com menos passadas que cobrem o rastro. Alguns passam os posteriores pela frente com movimentos discretos e que proporcionam comodidade e naturalidade.
“Aqui é comum ouvirmos comentários de que muares foram superiores na sua movimentação ao invés de verem que essa movimentação foi feita no casqueamento, na flexão e nem o rastro cobrem. Movimentos repetitivos podem ser causados por excesso de casco, alguns trocam de apoio devido à embocadura e à flexão. Sem dizer que esses muares vão ter uma vida curta, pois logo estouram os tendões, a musculatura e podem ficar aleijados. São muares trabalhados para fazer uma função que não lhe é natural. Vemos muares ou eqüinos trabalhando em fazendas por 30 anos sem nunca ter mancado, enquanto temos animais de provas que com um ano já estão ‘estourados’ por serem forçados, com artifícios, a mostrarem algo que não fazem”, explanou Gigio.
A diretoria da Abpmem ressalta que um animal bom que participa de provas serve para tudo, seja para o trabalho a campo, para a montaria do patrão, ou mesmo para longas romarias, pois assim ele é confirmado em sua natureza, sendo bem apresentado por treinador ou por qualquer um que o montar.
“Hoje temos uma tropa boa e é só trabalhar certo para participar de provas e abrilhantar as festas. O ideal que queremos são animais que andam correto, sem precisar de artifícios colocados por seus apresentadores para mudar o andamento em pista. Em minha opinião as as embocaduras que avaliamos são bridão e freio, o resto inventaram como artifícios para enganar os leigos. Não tem nada a ver com a ropa natural de sela e de provas que nós conhecemos. Um bom animal tem que ter rédea e casco para apresentar a legítima marcha natural e equilibrada”, afirma Gigio.
A Abpmem é uma associação de amigos de tropa boa, que defende unicamente a legítima marcha, natural e equilibrada, e, para isto, está em busca sempre de mais conhecimentos. “Temos que ter a consciência de que os animais não entram em pista sendo campeões, na verdade eles saem campeões”, finalizou Mamão.”