Uso do “shockwave” no auxílio fisioterápico da reabilitação de equinos

Na medicina esportiva equina é comum nos depararmos com as claudicações (manqueiras), muitas vezes durante os treinamentos ou durante um evento ou uma romaria. Estando esses animais submetidos a esforços extenuantes e repetitivos, propiciam-se os mais variados tipos de lesões em membros, alterações estas que muitas vezes dependendo do local ou do tipo de dano causado ao tecido do animal (osso, tendão, ligamentos, articulações, etc) torna-se necessário a reabilitação com a finalidade de retorno à vida atlética.

A reabilitação é uma tarefa um tanto difícil, que requer uma certa habilidade e destreza do profissional na escolha da melhor terapia, levando em consideração o menor prazo de cura para o animal. Dentre tantas variedades de protocolos e ferramentas fisioterápicas gostaria de descrever o shockwave, que trata-se de um equipamento emissor de ondas de choque com picos de energia extremamente altos, como por exemplo, o que ocorre na atmosfera depois de um evento explosivo como um raio ou uma explosão sônica.

O termo terapia com ondas de choque se refere aos pulsos de pressão mecânica (que o equipamento emite) e que se expande como uma onda sonora no organismo (figura 1). Nos anos 80, esse método foi utilizado pela primeira vez para desintegrar cálculos renais. Atualmente, terapias por ondas acústicas radiais extracorpóreas (shockwave) são usadas em equinos atletas com a finalidade de provocar efeitos biológicos benéficos aos tecidos do animal. Há um efeito desintegrador de tecidos, porém a ação desejada no nível intersticial e extracelular é de regeneração tecidual (osso, tendão, ligamentos, articulações, etc) conforme mostra a figura ilustrativa 2, abaixo.

Na terapia moderna da “Dor” a energia das ondas acústicas faz-se benéfica no intuito de causar analgesia temporária (denervação) com regeneração residual ligamentar, tendínea, muscular, óssea, etc.

Um caso clínico de um equino da raça Quarto de Milha, com 05 anos de idade, atendido com histórico de manqueira grave durante um evento, sendo impossibilitando de participar da prova. Quando o animal retornou ao centro de treinamento, foi realizado novo exame clínico no animal e exame radiológico do membro afetado, obtendo como diagnóstico radiográfico três reações periostal (calo ósseo) de aspecto inativo e ativo em porção proximal do osso II e IV metacarpianos (figura 3). Já no exame ultrassonográfico realizado, foi diagnosticado uma desmite da origem do ligamento suspensor.

Adotou-se como protocolo de tratamento o uso de analgésico e antiinflamatório não hormonal por um curto prazo de tempo. Posteriormente, iniciou-se a fisioterapia com shockwave, pomada antiinflamatória, caminhadas e treinos leves.

As aplicações do shockwave foram realizadas em duas sessões com intervalo de 15 dias, sendo realizados aproximadamente 1.000 disparos na origem e no corpo do ligamento suspensor do boleto (figura 4). Após a última sessão do “shockwave”, o animal já pode retornar às suas atividades físicas, resultado de uma rápida cicatrização tecidual em curto prazo de tempo.

Colaboração: Roberto Delort, médico veterinário DELORT-Diagnostico Tel: (11) 4586-8400