#tbt O trote também é das mulheres!

Nosso #tbt de hoje traz matéria publicada na edição 03 da Revista O Trotador, em setembro de 2014, falando sobre as mulheres que são apaixonadas pelo trote. Confira!

“Apesar do número reduzido, a presença de mulheres correndo páreos chama a atenção de todos, principalmente pela qualidade técnica que as jovens impõe num meio essencialmente masculino, para obter reconhecimento.

Aos 17 anos de idade Jéssica Andrade já é figurinha carimbada nos do cavalo trotador. Terceira geração da família a se envolver com a raça, ela tem cavalo desde os 8 anos, mas iniciou nas pistas há pouco mais de dois anos. Ela é a ‘molequinha do pai’, segundo Gerson Oliveira a chama. Procurando se profissionalizar a cada dia, a garota sonha um dia correr junto a grandes nomes na Argentina e também ver mais mulheres se envolvendo com o esporte.

“Meu avô e meu pai sempre tiveram cavalos e me ensinaram a gostar do animal. Como sempre fui muito do contra e nunca tinha visto uma menina correndo no trote, falei sobre minha vontade ao meu pai, isto com 12 anos, mas ele não autorizou. Então, me deu um cavalinho pangaré e disse que se eu o fizesse correr, eu poderia estreia-lo no evento Rei da Praia e ainda mais, se eu ganhasse, ai sim iniciaria as corridas. O tempo passou e ele viu o meu envolvimento com o meio, a minha vontade de correr, foi ai que, há 3 anos, me deu a Real Estirpe, com a qual pude estrear nas pistas e não parar mais”, conta.

Moradora da Praia Grande, Jessica treina seus animais pelo menos uma vez por semana na praia, além de também correr em outro local asfaltado. “Eu mesmo faço todo o manejo com eles junto ao Leandro que trabalha com a gente. Nós cuidamos, damos comida, fazemos massagem, enfim, tudo que for preciso. Desde que corri pela primeira vez já vi que o trote é uma paixão e o que realmente eu quero fazer. Minha mãe, a princípio, foi contra porque achava perigoso, mas não tem como, eu não consigo mais parar”.

Jéssica conta que as vitórias mais marcantes que teve foi no Rei da Praia e num evento em Jarinu, onde correu três páreos e levou os três títulos.  Quanto a preconceito, afirma que existe pouco por parte de alguns homens que vão correr junto com ela e ficam olhando diferente, apesar de ter muitos que gostam e torcem, incentivando ainda mais.

Orgulho do pai, Jéssica afirma que é nele que se espelha. “Ele corria, deixou as pistas por minha causa, para poder passar os animais para mim. Sempre me incentiva, me dando força e também me dando puxões de orelha para me corrigir. Sua insistência é para eu poder fazer o certo o que resulta na responsabilidade em pista. Antes de cada evento faço minhas orações não para ganhar, mas para correr tudo bem, e que eu e minha égua estejamos protegidas. Ganhar é apenas uma consequência”.

Sem temer possíveis acidentes, ela conta que a primeira vez que caiu foi há dois meses, quando a égua partiu pulando, continuou a corrida e na curva ela subiu num barranco, levando as duas para o chão. “Fiquei um pouco ralada, mas nada que me impedisse de continuar, sendo suspensa em uma corrida pelo pai. Agora coices, já perdi as contas de quantos levei mexendo com os animais”, ressalta.

Mas nada intimida a adrenalina na pista, fator que mais encanta Jéssica, que tem alguns sonhos a realizar no meio, como correr junto ao pai e também ganhar do jóquei Kiko, para quem tira o chapéu. “A gente já correu bastante junto, em alguns páreos cheguei em segundo, e só de correr com uma pessoa que admiro é gratificante. Com o meu pai fizemos algumas brincadeiras juntos, mas a minha vontade é correr de verdade com ele, só estamos esperando a égua dele chegar”.

Incentivo do namorado

                Vivendo o meio do cavalo trotador junto ao namorado o jóquei Marcos Dahy, Ariadne Fernandes Pasqual, aos 23 anos, também se arrisca nas pistas, usando sua farda que a identifica de longe, por ser cor de rosa. “A primeira vez que corri foi lá no Bubucão, num páreo só de mulheres. Gostei muito, mas o local acabou fechando e só estou voltando agora, porque o Marquinho comprou um cavalo para eu correr, estreando com a segunda colocação na Sociedade Paulista de Trote”.

                Ariadne disse que por ser de Piracaia, cidade onde está localizado o Hipódromo da SPT, fica mais fácil o acesso, inclusive durante a semana, quando acompanha o namorado no treinamento.

                “Namoro com o Marquinho faz 10 anos e como ele sempre gostou do trote, aprendi a gostar também. Ele sempre quis que eu começasse a montar e para me incentivar, na minha primeira corrida, ele me deu até um sulky rosa e minha avó fez a minha farda rosa. Como ele tem vários cavalos, este recém adquirido é manso e pretendo continuar correndo”, disse, ressaltando que a emoção na pista é algo indescritível.

                Segundo Ariadne é o namorado que lhe dá toda orientação e ensina os detalhes para uma boa corrida, além de também dar bronca quando ela perde. Ainda com um pouco de receio de correr somente com homens mais experientes, ela afirma que as dicas passadas são importantes para não cometer erros.

                “Nesta corrida do Trote todo mundo me elogiou, dizendo que é diferente uma mulher em pista. Mesmo tendo ficado em segundo lugar, parecia que eu tinha ganhado, pois muita gente vinha me parabenizar. Acredito que os homens acham interessante a participação feminina na disputa com eles, apesar de ser um esporte mais masculino. Seria importante termos mais mulheres participando para conseguirmos páreos exclusivos femininos. Minha vontade agora é continuar correndo e ganhar para poder subir de categoria. Já estou conversando com a Jéssica para disputarmos um páreo juntas. Vamos ver o que dá!”, finalizou.”