Dentre os sistemas e aparelhos que formam a estrutura corpórea dos equinos, sem dúvida nenhuma, o aparelho locomotor é um dos que se revestem de grande importância por constituir o sistema de sustentação e da dinâmica locomotora.
Sempre que observamos um cavalo, quer seja para seleção genética, compra, ou para avaliação da capacidade de trabalho (performance), devemos levar em conta as características dos aprumos como fator importante a ser considerado.
Como sabemos, sem patas não há cavalos, e em razão desta certeza é que, no decorrer dos anos, os membros dos equinos receberam especial atenção na seleção e evolução de cavalos bem estruturados. O cavalo é um animal de trabalho, e seu valor é determinado pela condição dos membros e patas. Uma conformação ruim dos membros contribui para certas claudicações e pode, na realidade, ser a causa de claudicação, em alguns casos. A conformação, um fator importante na sanidade dos membros, frequentemente determina a vida útil de um cavalo.
A conformação dos membros também determina o formato e o desgaste dos cascos, a distribuição do peso e a movimentação das patas. Uma má conformação dos membros não é, por si só, uma doença; todavia, pode ser considerada um aviso ou sinal de fraqueza, e predispõe o cavalo a muitos tipos de claudicação, que não ocorreriam se ele tivesse nascido com boa conformação.
Os aprumos são proporcionados pelos eixos ósseos e pelas angulações articulares que os membros do animal tomam em relação ao seu corpo e ao solo. Os aprumos refletem o exato equilíbrio harmônico da distribuição de forças e do peso para cada um dos membros do cavalo. Esta distribuição proporciona estabilidade na condução da sustentação e propulsão, permitindo a realização de movimentos com perfeição, elegância e segurança.
Para se verificar os aprumos do cavalo devemos colocá-lo em um terreno plano e observá-lo de frente, por trás e de ambos os lados.
APRUMOS NORMAIS
Permitem um bom equilíbrio, forte impulsão, bons andamentos e valorizam o animal.
Avaliação vista de frente:
Ao traçarmos uma linha imaginária que parte da articulação escapulo umeral em direção ao solo, esta deverá dividir o membro em duas partes iguais e tocar no solo exatamente no ponto médio da pinça do casco.
Avaliação vista de trás:
A linha imaginária deverá partir das tuberosidades isquiáticas, dividindo o membro em duas partes iguais e tocar o solo exatamente nos pontos médios dos talões.
Avaliação vista de lado
Membros anteriores: Para avaliação do aprumo, observando-se o animal por um dos seus lados, devemos traçar três linhas básicas:
- A primeira linha deverá partir da articulação escapulo umeral, na sua porção mais anterior e descer paralelamente ao membro, tocando ao solo, a cerca de 10 cm à frente do casco.
- A segunda linha será traçada a partir da metade da escápula, descerá em direção ao solo e dividirá o casco pela sua face lateral, em duas partes.
- A terceira linha deverá partir do olecrano (codilho), descer paralela ao metacarpo e tocar no solo atrás do casco.
Membros posteriores: A avaliação do aprumo nos membros posteriores tem como base também três linhas principais:
- A primeira linha deverá partir da crista da tíbia, na sua face anterior, descer em direção ao solo paralelamente ao metatarso, e tocar a cerca de 10 cm adiante do casco.
- A segunda linha partirá da articulação coxofemoral, cruzará a tíbia no seu terço médio e tocará no solo, dividindo a face lateral do casco em duas partes.
- A terceira linha será traçada desde a tuberosidade isquiática, descerá paralelamente ao metatarso em toda a sua extensão e tocará no solo atrás do casco.
Colaboração: Thiago D’Angieri, médico veterinário. Referências: STASHAK, T. S. Claudicação em eqüinos segundo Adams. 4ª ed. São Paulo. Roca – 1994. 943p. HOMASSIAN, A. Enfermidades dos Cavalos. 4ª ed. São Paulo. Livraria Varela – 2005. 573p.