#tbt Walter Martins Ferreira, um médico investindo na criação do cavalo trotador

Nosso #tbt de hoje traz matéria publicada na edição 07 da Revista O Trotador, contando a história do criador Walter Martins Ferreira Filho, apaixonado pelo cavalo trotador e grande investidor da raça.

“Titular do Haras Expresso, Walter Martins Ferreira Filho tem no sangue a paixão pelo trote. Médico pediatra e morador da capital paulista, o criador não vê a hora de chegar a sexta-feira para deixar o trabalho e se dirigir a Atibaia, onde fica sua criação, só para poder estar perto dos animais.

                “Cheguei no trote em 1975 com o meu pai, que era aficionado pelas corridas na Vila Guilherme. Em 79 ele comprou seus primeiros cavalos e, por uns 10 anos, tivemos vários animais correndo na Sociedade Paulista de Trote”, relembra Walter. Do Haras Marfer, que o pai tinha em sociedade com o irmão e um amigo em Indaiatuba, à criação do Haras Expresso, passaram se alguns anos, mas em nenhum momento a paixão pelo trote deixou de existir.

                No início, além dos cavalos trotadores, o pai de Walter também criava animais da raça Puro Sangue Inglês que corriam no Jockey Clube de São Paulo, em Cidade Jardim. Apesar de ressalta o gosto pela velocidade, a preferência pelo trote logo chegou. “Eu cheguei a correr como jóquei aprendiz na época do trote em São Paulo e ganhei algumas corridas, o que fazia eu gostar ainda mais da raça. Nos anos 90 meu pai ficou doente, teve Mal de Alzheimer, e em 2001 faleceu, quando demos uma parada em mexer com cavalos”.

                Mas não demorou e Walter voltou ao meio. Adquiriu uma propriedade em Atibaia e começou a frequentar o antigo Bubucão, onde reencontrou o Alfredinho (Alfredo Basilio) fazendo corridas, o que o fez decidir a retomada do cavalo de trote. Pouco tempo depois nascia o Haras Expresso.

                “Apesar de na época do meu pai criarmos trotadores e PSI, decidi pelo trote porque a gente mesmo pode conduzir o animal, sendo muito mais emocionante do que as corridas de Cidade Jardim. Cheguei a montar no PSI também, mas era muito mais perigoso, já que você fica praticamente voando em cima do cavalo. Então me dediquei mesmo ao trote e como tive um cavalo que gostava muito chamado Expresso, dei o seu nome ao haras”, continua o criador.

                Mesmo sendo um hobby e uma grande distração, a criação do Haras Expresso tem investimentos sérios. “Investimos na criação procurando as melhores linhagens de animais americanos. Como me relaciono muito bem com o criador Mário Vicensio, tenho sociedade com ele no ArtsBlack, um animal que veio dos Estados Unidos no ventre e também adquiri cota do OK Commander, um dos últimos garanhões que chegaram da América. Também comprei éguas e posso afirmar que meu plantel só tem égua filha de reprodutor americano cuja mãe também é filha de americano. Todos os meus cavalos têm 82,5% de sangue americano, são filhos de animais que vieram da Argentina, mas que seguem linhagem americana”.

                Neste período de criação a maior realização foi ver o ArtsBlack chegando à primeira categoria. “Desde que ele nasceu eu fiquei perturbando o Mário para me vender. Ele não queria, mas o convenci vender pelo menos 50% quando ele ainda tinha seis meses. Gostei muito dele, da sua filiação, por ser filho do ArtsOficial o único animal a ganhar do Some Beach que bateu recorde mundial, então tinha certeza que não daria um animal ruim e realmente estava certo. A ideia já era transformá-lo em reprodutor no Haras e a emoção de acompanhar toda sua carreira, da estreia até chegar à 1ª categoria a 10 metros é muito grande. Ver um potro que você criou correr e ganhar é uma satisfação sem igual”.

                Além do Artsblack, o criador cita o animal Tufão que também é sua cria e que se destacou como um dos primeiros tordilhos puro que correm hoje no trote.

                Sua meta é sempre mais velocidade. Walter afirma que tudo evoluiu e no trote também, desde ração, treinamento e equipamentos à criação em si onde ouve uma evolução enorme desde que entrou para o trote. Visando velocidade o sonho do criador é ganhar um Nacional de Potros.

                “Este ano não tenho animais para o debut, acabei vendendo todos, mas para o próximo ano já reservei dois filhos do Killowat. Não os vendo pois quero guarda-los para a estreia em 2017”, conta. Ele declara que o comércio de potros tem melhorado muito nos últimos anos. “Acredito que a tendência é melhorar ainda mais, pois temos linhagens incríveis aqui, desde a chegada do Spy Hard a nossa criação deu um salto enorme”.

                A equipe do Haras Expresso é formada pelo gerente Dino que doma os animais e, como treinadores, os animais são trabalhados pelo Marquinhos e o Thiego Martins.

                Para Walter, o trote é o hobby ideal para desestressar do trabalho e da correria de São Paulo. “Trabalho até sexta-feira na hora do almoço e já saio para Atibaia onde fico até domingo à noite para poder acompanhar tudo de perto, já que os potros ficam no haras. Também quando viajo sempre procuro conhecer o trote fora do país. Estive na Itália, nos Estados Unidos e Canadá conhecendo o mercado deles”.

                Apesar dos filhos não terem puxado o seu gosto pelo trote, Walter tem a esperança de que o neto siga sua paixão, já que é uma tradição da sua família”.