#tbt Para Wilian Pereira o cavalo trotador faz parte da família

Como quinta-feira é dia de #tbt vamos relembrar a matéria publicada na edição 6 da Revista O Trotador que traz o perfil do criador Wilian Pereira, mais conhecido como Tio Wilian, referência quando o assunto se trata de cavalo Trotador.

“Há mais de 30 anos vivenciando sua paixão pelo trote, Wilian Pereira afirma que é impossível ficar longe do meio que tanto ama. Titular do Stud Máquina Quente, ele faz questão de sempre ter animais de qualidade, e por isto se tornou referência no meio.

                “A minha paixão pelo cavalo trotador começou quando um amigo me convidou para andar de charrete num American Trotter. Estava com 17 anos e na época não tinha possibilidades para adquirir um animal. Somente dois anos depois consegui comprar o meu primeiro mestiço, o Chumbinho, do Zé Baixinho, e a partir daí fui avançando até chegar no meu primeiro american trotter puro e não parei mais”, relembra Wilian. Não demorou muito para se tornar jóquei profissional ainda na Vila Guilherme e desde então não consegue mais se desligar do meio. Hoje, pela grande experiência em trazer animais argentinos e também por ser um comerciante nato, traz muitos animais de destaque para comercialização no Brasil e se orgulha dos resultados.

                O primeiro craque que marcou em suas mãos foi o Taberneiro, em 91, que lhe proporcionou vencer três Grande Prêmios Sociedade Paulista de Trote, três GPs Aniversário de São Paulo e de 12 desafios que participou venceu 11. “Fiquei por quatro anos dando 80 metros no páreo de velocidade e muitas vezes corria descartado, já que na época existiam apostas, e no meu cavalo ninguém podia apostar. Até 95, o Taberneiro foi um animal que me deu muitas alegrias”, continuou.

                Na sequência, em 96, veio Noble Speedster Monaco, outro adquirido por Wilian da Argentina que lhe proporcionou muitas vitórias, dentre elas um Grande Prêmio Rei da Milha e a vitória em sete de oito desafios.

                “Fiquei 20 anos tendo meus animais treinados pelo Ameriquinho Carpinelli, um italiano que sabia tudo sobre trote. Ele foi uma pessoa que até hoje considero a mais profissional que já vi preparando cavalos de corrida. Foi o melhor que já conheci, preparava meus animais e eu corria”, relembra.

                Depois de comprar vários animais argentinos aqui no Brasil, e já com conhecimento no meio, Wilian começou a viajar para ele mesmo importar os animais. Desde então trouxe muitas máquinas que se destacaram. “Teve o Paris, a Pampeana, o Neutral e agora o Digno, dentre muitos que trouxe. A minha visão não é chegar na Argentina e procurar um cavalo de ponta. Vejo aquele de 2ª categoria que possa se transformar num de 1ª aqui e vem dando certo. Acredito que 80% dos animais que trouxe até agora chegaram à 1ª categoria e é uma satisfação enorme ver isto, mesmo que não estejam mais em minhas mãos. Gosto de ganhar, mas também gosto de ver os outros ganhando”.

                Hoje, a cada 90 dias no máximo, ele viaja para Argentina com o intuito de adquirir novos animais. “O mercado está muito aquecido e temos uma raça muito bem desenvolvida no Brasil. Cada vez temos mais pessoas envolvidas, e, como o lado comerciante fala mais alto, se recebo uma boa proposta acabo vendendo meus craques e o jeito é ir para Argentina renovar a tropa para que eu também possa vencer corridas”.

                Em sua visão, apesar da crise que o país vive, o Trote está em franco crescimento e isto é simples para qualquer pessoa notar, pois o número de pistas sendo inauguradas cresce a cada dia, além de estarem chegando pessoas novas, vindas de outras raças para o meio. “Eu estou há mais de 30 anos no trote, conheço muita gente, mas não é raro eu chegar numa corrida e estar lado a lado com um jóquei que nunca vi antes. É grande o entusiasmo no cavalo trotador e isto faz a raça crescer, sem dizer que para mim, o trote é o esporte equestre mais bonito que existe, que precisa de técnica para ser bem desenvolvido e este é o desafio para quem está chegando”.

                Quanto à criação nacional, Wilian fala que melhorou muito, principalmente pelo investimento em reprodutores importados de altíssima qualidade que vem sendo trazidos nos últimos anos. “Temos hoje aqui pelo menos 10 garanhões americanos servindo as éguas no Brasil, isto é incrível e há alguns anos inimaginável”.

                O Stud Máquina Quente possui hoje quatro animais defendendo suas cores e estão chegando mais três até o final do ano para somar à tropa. Treinados pelo “Cabeça”, Wilian faz questão de apresentá-los nas corridas, pois gosta de sentir a adrenalina de um páreo disputado. Sempre que pode também corre na Argentina, sua segunda casa.

                Emocionado quando perguntado o que o cavalo trotador significa em sua vida, Wilian, com lágrimas nos olhos, respondeu prontamente: minha família. Com o apoio da esposa Renata que o acompanha nas viagens à Argentina, e também a filha mais nova, Lavínia, que sempre está com ele nas corridas, Wilian possui o sonho de ter um rancho na Argentina, para mexer com os animais lá e aqui. “Como o cavalo para mim é família, meu objetivo é continuar sempre junto com eles!”

*Matéria pubicada em novembro 2015