Conhecendo um pouco sobre Febre do Pombo – “PIGEON FEVER”

A “Pigeon Fever” é uma doença infecciosa causada pela bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis, que vive no solo e sobrevive melhor em condições de seca.

A bactéria entra pela pele, membranas, mucosas ou feridas através das picadas de mosca, abrasões ou lacerações onde a bactéria se espalha dentro do animal através dos vasos linfáticos e os nódulos linfáticos (locais de formação de abscessos externos). A doença não é nova, no entanto, a sua incidência parece ocorrer no mundo inteiro assim como a linfadenite caseosa em pequenos ruminantes e a infecção granulomatosa ou visceral em bovinos.



Figura 1 – linfonodo maduro pronto para drenagem

As Cepas parecem ser bastante espécie-específico, ou seja, para cada espécie animal há uma especificidade do agente. Portanto a transmissão dos pequenos ruminantes para os cavalos não parece ocorrer e a transmissão entre o gado e cavalos é teoricamente possível. A transmissão direta entre os equinos não parece ocorrer de forma tão consistente.

Incidência da doença pode variar, mas uma vez que, um único caso é observado na propriedade, essa é considerada propriedade de risco, sendo a sua ocorrência mais frequente após as chuvas, ocasionando um aumento do número de insetos.

A bactéria produz uma variedade de exotoxinas (fosfolipase D e a esfingomielinase). Essas toxinas degradam a parede da célula endotelial, aumentando a permeabilidade vascular, resultando em edema significativo, observado como abscessos externos. A fosfolipase D e o ácido corynomycolic contribuem para a inflamação, dor e edema observado durante a formação dos abscessos.

A grande maioria dos cavalos infectados apresenta abscessos envolvendo os linfonodos periféricos, como as cadeias cervicais e ventrais. A infecção dos linfonodos profundos dos músculos peitorais pode levar ao inchaço significativo dos tecidos moles na região peitoral e no membro anterior podendo alguns cavalos apresentar claudicação (manqueira).

Linfonodos pré-escapulars

A progressão típica de um abscesso externo envolve a inflamação dos tecidos moles e edema em torno do nódulo linfático (conforme figura 02). Esta fase pode ser acompanhada de febre dor em decorrência do inchaço de aspecto firme.

O abscesso geralmente amadurece, resultando em perda de pelo e ruptura da pele permitindo que o abscesso drene. No entanto, muitas vezes o veterinário será solicitado a intervir e abrir o abscesso antes da sua plena maturação.

A punção e drenagem é muitas vezes o único tratamento necessário para abscessos externos, porém muitos abscessos do “Pigeon Fever” são profundos dentro dos músculos peitorais, requerendo o uso do Ultrassom para guiar a drenagem.

O diagnóstico da “febre dos pombos” é frequentemente feita com base em inchaços em forma de “caroços” em áreas específicas do corpo, resultado do aumento de volume dos linfonodos, podendo estes apresentar ou não um exsudato purulento tendendo a esverdeado (vide figura 01).

Cuidados devem ser tomados para evitar a contaminação excessiva do ambiente e os proprietários devem tentar controlar a mosca para evitar a transmissão do organismo para outros cavalos.

Nos casos de abscessos internos o diagnóstico será baseado pelos achados ultrassonográficos e pela clínica ocorrendo perda de peso, febre e mal estar geral.

Atualmente não há vacina disponível para o controle e prevenção da bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis. O melhor método de prevenção é bom saneamento, remoção de resíduos e controle de moscas “vetores”.

Caso clínico:

Foi atendido um equino, macho, castrado, adulto, com sinais clínicos de apatia, desinteresse em caminhar e com dois nódulos duros na região peitoral (entrada do tórax). Ao exame clínico e ultrassonográfico evidenciou um aumento dos linfonodos pré-escapulares bilaterais do tamanho de um “ovo de pato” de aspecto caseoso em seu interior.

60 dias após tratamento

Os exames laboratoriais (hemograma) evidenciaram uma moderada leucocitose sugerindo uma infecção de origem bacteriana. Na propriedade existiam outros equinos e um grupo de ovinos sem sinais aparentes de linfadenites (comuns em ovinos, com mesma etiologia – Corynebacterium pseudotuberculosis).

O referido animal foi tratado com antibioticoterapia sistêmica, sendo uma associação de dois antibióticos por um período de 28 dias. Os linfonodos não evoluíram para uma abscedação, portanto não houve a necessidade de lancetar os linfonodos, ocorrendo uma diminuição lenta e progressiva dos mesmos. Após alguns meses os linfonodos diminuíram de tamanho voltando ao tamanho natural (vide figura 03).

Colaboração: Roberto Delort, Medico veterinário, fone (11) 4586-8400