A seção #tbt de hoje traz matéria publicada na edição 06 da Revista O Trotador, de novembro 2015, sobre Francisco Coelho que, independente de sua deficiência, encontrou maneiras para vivenciar sua paixão pelo cavalo trotador. Vamos relembrar?
“Aos 57 anos de idade, o mineiro Francisco Antônio Pinto Coelho é um apaixonado por cavalos, em especial o trotador. Por ser deficiente visual, conseguiu uma maneira para fazer adaptações em seu sulky e assim poder, junto ao sobrinho e jóquei Wilson, vivenciar a emoção da velocidade.
Deficiente visual desde os 6 anos de idade, devido a um descolamento de retina, o mineiro de Ubá Francisco Coelho vivencia o mundo do cavalo trotador com os animais recém adquiridos e pelos quais tem verdadeira paixão. Sempre que vai a corridas, gosta de se posicionar bem próximo à pista para poder ‘sentir’ o páreo e, através dos sons, consegue distinguir entre um animal trotando, marchando ou até mesmo mancando. O desafio maior para satisfazer um de seus desejos foi a construção de um sulky para duas pessoas, viabilizando assim a emoção de sentir o chamado ‘vento na cara’ com seus animais american trotter em pista.
“Sempre gostei de cavalos, tive e ainda tenho animais de sela, mas quando ouvi falar na velocidade do american trotter fiquei muito interessado. Um amigo meu aqui da cidade deixou eu andar no animal dele, de charrete, e ai já pude sentir um pouco do que todos falam. Foi uma paixão imediata. Então, através da internet, conheci o criador Pipo (Giuseppe Constantino) e conversamos muito, pois minha ideia era comprar um animal da raça, assim que tivesse condições financeiras”, conta Francisco.
Dois anos após a conversa inicial com Pipo, Francisco se aposentou do banco em que trabalhava e então chegou a hora de comprar o seu próprio cavalo trotador. “Adquiri em janeiro deste ano dois animais, sendo uma égua e um potro, que chegaram aqui em Ubá, no mês de abril. Meu sobrinho me acompanhou no Haras Mariju, em Atibaia, onde conhecemos os animais e fizemos negócio, aguardando com ansiedade a chegada deles em casa. Assim que desembarcaram iniciamos treinamento e hoje já vemos a evolução deles em pista, com tempos baixando, o que nos dá uma satisfação enorme”.
Assim que os animais chegaram, Francisco chegou a andar neles de charrete, para poder experimentá-los, mas a vontade maior estava em poder correr com eles na pista. Foi aí que surgiu a ideia de fazer um sulky adaptado para duas pessoas e assim poder participar mais ativamente da evolução dos cavalos.
“A primeira corrida em pista foi muito emocionante. Comecei com um animal mestiço que temos, depois passei para os outros animais mais velozes. Deu medo, mas a emoção que a corrida nos traz supera tudo. Sem dizer que fomos pegando os macetes para o sulky não virar, enfim, todas as adaptações foram feitas para que fosse seguro para mim e para o joquei. O que para muitos pode parecer uma aventura ou um risco, para mim é puro prazer”, ressalta.
Participando dos treinos, Francisco faz questão de todos os dias passar pelas cocheiras para ter o contato com seus animais. Algumas vezes, orientado pelo sobrinho, puxa sozinho o animal para a pista. “O meu objetivo agora é aperfeiçoar os conhecimentos do meu sobrinho, que é o treinador dos animais e também gosta muito de velocidade, para ganhar experiência e quem sabe no futuro leva-lo com meus animais participar de eventos maiores da raça que acontecem nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo. A vontade sempre é continuar progredindo e acredito que estamos no caminho certo”, finalizou.”