#tbt Falando sobre Marcha…

Nosso #tbt traz hoje o artigo de autoria de José Walter Taborda publicado na edição 02 da Revista da Marcha, em abril de 2015, falando sobre Marcha. Acompanhe!

“Os anos se passaram desde que comecei a criar o Mangalarga Marchador e a raça cresceu vertiginosamente em nossa região (Jundiaí/SP). Observamos que o símbolo do Marchador, a ferradura, aparece cada vez mais nos passeios, pelas romarias e encontros equestres em geral.

A Marcha tem padrão e muito estudo a ela foi dedicado. Ignorar esse assunto pode significar perdas consideráveis. Possuímos animais de excelente qualidade em nossa região e falaremos então sobre a Marcha do cavalo Mangalarga Marchador.

Existem três tipos de marcha: a Picada, a Intermediária (ou de Centro) e a Batida.

Vale a pena lembrar que em momento algum, o Mangalarga Marchador apresenta suspensão total em qualquer de seus andamentos, ou seja, sempre haverá um membro tocando o solo durante a marcha (normalmente 2 ou 3 apoios tocam o solo), diferentemente do trote.

Marcha Picada

Andamento em quatro tempos, com batidas de cascos espaçadas, com predominância de movimentos laterais. Devemos entender como movimentos laterais quando a locomoção do animal se dá com o membro posterior (perna) e o membro anterior (mão) do mesmo lado e ao mesmo tempo.

Assim, na Marcha Picada predominam os apoios laterais, que são, portanto, superiores em número aos movimentos Diagonais e aqueles de Tríplice Apoio (quando três membros tocam o chão simultaneamente).

Esses movimentos são dissociados e possuem tempos de elevação maior em relação à Marcha Batida (e à Intermediária também), com maior flexão das articulações de joelhos e boletos.

A Marcha Picada possui comodidade e maciez, com passadas mais curtas (em comparação às outras Marchas) e praticamente sem nenhum atrito vertical.

Didaticamente vamos classificá-la em:

Andadura (L3), quando o animal avança utilizando somente apoios laterais, alternando um e outro lado. A andadura possui excessivo atrito lateral, é um movimento associado e de péssima qualidade. Este problema não pode ser corrigido com artifícios, uma vez que o comando para a movimentação vem do cérebro.

Guinilha (L2), diferente da Andadura, que só possui movimentos laterais, a Guinilha pode eventualmente apresentar movimentos dissociados, porém mostra claro desequilíbrio (bate paleta, garupa, etc) e compromete a qualidade da Marcha Picada. Animais que apresentam este tipo de andamento tem pouco valor comercial e obviamente transmitem este problema para seus descendentes (bem como a andadura).

Marcha Picada (L1), esta sim é a marcha procurada por muitos pois é muito macia e de fácil equitação. O som produzido pela batida das patas no solo pode ser ouvido (interpretado) como sendo PAC, PAC, PAC, PAC. É muito valorizada na região de Jundiaí e no Nordeste do país.

Marcha Intermediária ou de Centro

Apesar de não ser oficialmente reconhecida pela Associação, entendo ser esta a marcha completa, a que melhor atende aos anseios do cavaleiro (de principiante a sênior).

considerando os quatro tempos que me referi acima, esta marcha possui avanços em Tríplice apoio (um de anteriores e outro de posteriores), avanço Lateral e avanço Diagonal (marcha ideal).

Muito comoda, a marcha de Centro tem uma amplitude de passada maior que a Marcha Picada. O som característico desse andamento é o famoso PALÁ, PALÁ, PALÁ, PALÁ, quando os apoios tocam o solo.

Marcha Batida

Também é ua marcha de andamento em quatro tempos, com predominância de movimentos Diagonais Dissociados (a mão direita chega no chão em tempo diferente do pé esquerdo, por exemplo).

apresenta eventuais avanços Laterais e Tríplice Apoiados (quanto maior o número de Tríplice apoios, melhor a qualidade da Marcha).

A Marcha Batida de qualidade é muito cômoda para o cavaleiro e apresenta uma amplitude de passada maior que aqueles descritos nas marchas Picada e Intermediária.

Não há suspensão total (do solo) nem tampouco movimentos associados (duas características do trote).

Para fins didáticos, vamos caracterizar a Marcha Batida em:

Marcha Batida D1 – Predominância de movimentos Diagonais com eventuais apoios Laterais e Tríplice apoios. Bem dissociada.

Animais de qualidade trabalham com seus posteriores “dentro da massa” (embaixo do corpo do cavalo, sem “largar as pernas para trás. Pernas atrasadas mostram deficiência e falta de amplitude na locomoção), melhorando assim todo o conjunto de frente do cavalo, tornando a Marhca muito cômoda e avante.

Seu som característico ao tocar o solo é PRRÁ, PRRÁ, PRRÁ, PRRÁ. Essa Marcha é muito cômoda e os animais que possuem são extremamente valorizados.

Marcha Batida D2 – predominância de movimentos Diagonais com raros apoios Laterais e Tríplice apoios. Deve ser dissociada Marcha bem avante. Ainda apresenta boa comodidade e qualidade de sela.

Marcha Batida D3 – Praticamente composta de movimentos Diagonais. Deixa a desejar na comodidade. Necessita de velocidade para compensar a ausência de apoios laterais e Tríplices. Apresenta muito atrito vertical.

Lembro que animais de posteriores fortes e dentro da massa são os mais desejados e de maior valor, naturalmente. Devem apresentar sobre pegadas (o animal coloca os pés exatamente onde tirou as mãos) ou ultra pegadas, nunca retro pegadas (os pés tocam o solo bem atrás de onde as mãos tocaram o chão).

Não há como “consertar” posteriores fracos de um cavalo (lembrando ainda que tranmitirão essa falta aos seus filhos).

Trote – Apenas para nossa compreensão, o trote é composto de movimentos Associados em 2 tempos, com avanços Diagonais e Suspensão Total do solo.

Apresenta o som de uma única batida ao solo (movimento associado): Pá, Pá.

P.S. – O assunto abordado não se encerra aqui e representa a opinião do ponto de vista do criador, sem levar em conta eventuais modismos.

Por: José Walter Taborda, titular do Haras Solar do Japi, que fica em Jundiaí/SP, onde trabalha com linhas de sangue castiças, com planejamento de criação de animais diferenciados, buscando excelência na marcha. Contato: solardojapi@uol.com.br “