Osteodistrofia Fibrosa, Hiperparatireoidismo Secundário ou simplesmente Doença da Cara inchada, como é chamada popularmente. Esta é mais uma enfermidade a acometer os equinos que está diretamente relacionada à dieta fornecida.
O mal, que compromete as funções motoras dos animais, surge através do desequilíbrio nutricional, basicamente pelo desarranjo entre os minerais Fósforo e Cálcio. Quando feito de forma errada pode levar ao aumento da liberação do hormônio PTH (paratormônio). Esse, atua diretamente na retirada de cálcio dos ossos e liberação para corrente sanguínea.
A afecção metabólica está diretamente relacionada ao sistema locomotor, constitui-se como um problema de repercussão óssea, pois ocorre a diminuição da densidade mineral devido a uma aumentada reabsorção óssea, causada pela deficiência de cálcio (Ca). Pode ser resultante de uma deficiência primária ou secundária, levando à substituição do tecido fibroso e à formação de cistos.
Causas da cara inchada em equinos:
1 – Ausência de cálcio na alimentação – Com essa deficiência ocorre menor absorção para a corrente sanguínea, provocando em diminuição nos níveis de cálcio e prejudicando a relação Ca:/ P.
2 – Excesso de fósforo na alimentação – Causa, igualmente, o mesmo desequilíbrio, mesmo que os níveis de cálcio estejam normais. Deve-se evitar oferecer aos animais o milho, farelo de trigo e certas gramíneas como napier, por serem fontes de fósforo.
3 – Ingestão de oxalato – Essa substância está presente em algumas forrageiras, e, se unida ao cálcio, formam um quelato, impedindo-o de exercer suas funções vitais. Alguns tipos de brachiária, a sectária e o quicuio são pastagens ricas em oxalato, e devem ser evitadas para não provocar o excesso desse elemento no organismo dos equinos.
4 – Deficiência de vitamina D – Esse é outro fator de desequilíbrio na relação Ca:/ P. Essa vitamina é indispensável na absorção do cálcio pelo organismo. Essa deficiência é rara, pois ocorre em animais que não tomam sol, uma das maiores fontes de vitamina.
Em algumas fases da vida dos equinos há uma demanda maior de cálcio. Potros e éguas em fase de gestação e lactação são mais suscetíveis a esse desequilíbrio. Nesses casos, deve-se observar a necessidade de uma dieta direcionada.
A deficiência nutricional não causa apenas o mal da Cara Inchada, “Ao afetar a absorção do Cálcio no organismo, outras funções que dependem desse mineral estarão comprometidas, os potros podem desenvolver doenças ortopédicas, apresentar subdesenvolvimento. As équas podem ter dificuldades no parto, retenção de placenta, baixa produção leiteira. Então, somente o profissional habilitado pode dar o diagnóstico correto, porque esses sintomas podem ser confundidos com outras causas.”.
O principal sinal de alerta é sem dúvida o aumento de volume na cara dos equinos, a partir daí devem ser realizados diferentes exames de sangue. Assim, serão observados os níveis de fosfatase alcalina e a concentração plasmática de paratormônio (PTH). Outro exame realizado é o de raio-X em equinos, ele indicará se existe uma deficiência de Ca ou de outra causa de osteodistrofia fibrosa, mas para isso, a densidade óssea deve reduzir-se em 30% antes de ficar radiograficamente evidente.
No tratamento deve-se regularizar o metabolismo mineral, com foco principal no equilíbrio Ca: P. Alimentos ricos em P (principalmente milho e farelo de trigo) devem ser suspensos, o animal deve ser alimentado com pastagens de qualidade. Outra dica importante é manter os animais afetados em confinamento durante os primeiro meses da doença. Pelo menos até que as densidades radiográficas das regiões afetadas retornem ao normal. É recomendado dar preferência aos alimentos pobres em oxalato, principalmente quando esta for a causa da desmineralização óssea. Quando não for possível, os níveis de Ca e P devem ser aumentados acima das exigências normais.
As sequelas deixadas pela doença vão depender de diversos fatores, como gravidade do quadro clínico apresentado, idade, dentre outros. Mesmo com o tratamento, estagnação da doença e balanceamento alimentar, o aspecto inchado não desaparece, a deformidade da face é permanente.
Colaboração: André Luiz Lima Hernandez, médico veterinário – CRMV-SP 14.483. http://www.abccmm.org.br/leitura?id=9509 – Paula Carmago